terça-feira, 16 de outubro de 2012

Bebida alcoólica: O mal legalizado

 
Kamila Alves
 
Tomar uma cervejinha aqui, outra ali, para se divertir e/ou comemorar algo não faz mal a ninguém, porém, fazer disso um hábito pode trazer malefícios. Nada em excesso faz bem, não é mesmo? Bebidas, assim como qualquer outra coisa, têm que ser curtidas com moderação, senão a consequência da sua dependência pode ser fatal.
O alcoolismo é, geralmente, definido como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas a ponto que este comportamento interfira na vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa. O alcoolismo pode resultar em doenças e até em morte, como é muito comum.
Mesmo sendo prejudicial, o álcool é lícito, ou seja, permitido por lei, assim como o cigarro. As drogas permitidas por lei são as mais consumidas e as que mais resultam em fatalidades diárias, já que através das alterações realizadas no organismo, a pessoa perde o controle e acaba por fazer coisas que, no normal, não faria. Além disso, o organismo tende a ficar mais preguiçoso já que as drogas lícitas relaxam o organismo de forma exagerada.
  Aldir Gonçalves, 58 anos, comerciante, alcoólatra assumido, enfrenta a doença do alcoolismo e revela para o Leia Jorge, os problemas provocados pela bebida. Por que ele bebe tanto? Ou melhor, afinal, por que as pessoas bebem tanto?

Leia Jorge: Conte um pouco de sua trajetória de vida. Por que entrou nesse vício? Para onde ele está levando você, por que você não quer sair dessa vida?
 
Aldir: Eu não tive nenhum motivo em especial para entrar nesse vício, simplesmente bebia em festas com os amigos e acabei por gostar. A cada dia eu bebia um pouquinho, pois tinha um bar que não passava despercebido por mim (risos) perto da minha antiga casa. A bebida não está me levando a lugar nenhum, eu acho. Só está acabando com o meu fígado, mas isso eu resolvo depois. E não quero sair dessa vida por agora, porque é algo que me faz bem. Eu não quero abrir mão de algo que me faz bem, mesmo que esse algo me mate aos poucos. Isso é meio dramático, mas é a verdade.
 
Leia Jorge: Qual é a sensação que o álcool causa ao seu organismo? Por que o senhor gosta tanto?
 
Aldir: Eu gosto de bebida alcoólica porque ela me dá a sensação de que eu esqueço dos meus problemas e, naquele momento, a única coisa que é agradável é beber. Mesmo sabendo que ela acaba com o meu fígado, eu sinto como se ela estivesse me fazendo bem. A considero a minha companheira.
 
“A bebida é algo que faz parte da minha rotina.”

Leia Jorge: Então, o álcool serve para ajudar a “esquecer” os problemas?
 
Aldir: O único problema que eu tenho na vida é não conseguir controlar a quantidade de bebida que eu consumo.
  
Leia Jorge: Considera-se um dependente? Por quê?
 
Aldir: Infelizmente sim. A bebida é algo que faz parte da minha rotina.
 
Leia Jorge: Todos nós sabemos que o álcool é prejudicial ao organismo. Mas o senhor não sente a menor vontade de procurar ajuda e livrar seu fígado desse mal. Por quê?
 
Aldir: Se depender só de mim não, mas talvez um dia eu procure ajuda em consideração a minha família que sofre demais com alguns episódios que acontecem pelo fato de eu estar bêbado (risos).
  
Leia Jorge: Você costuma se lembrar do que fez, enquanto estava bêbado, no dia seguinte?
 
Aldir: (risos) Raramente, viu? Acordo com uma ressaca danada, e mal me lembro de algumas coisas. Mas sei que não sou um bêbado violento, ou daqueles que pagam mico, por exemplo.
  
Leia Jorge: E como o senhor sabe como se comporta? Comporta-se como?
 
Aldir: Ah, os parceiros, né?! E as pessoas que já me viram bêbado me confirmaram que eu não fico violento, não faço os outros passarem vergonha e nem nada. O máximo que acontece sou eu ficar agitadíssimo, festeiro, alegre, dançando muito. Mas nada demais.
  
Leia Jorge: O que você espera do seu futuro?
 
Aldir: Eu não espero nada do meu futuro, até porque acho que não vou viver mais tanto. Caso eu viva, espero parar de beber, mas isso não é um plano pra agora.
 
“E não quero sair dessa vida por agora, porque é algo que me faz bem. Eu não quero abrir mão de algo que me faz bem, mesmo que esse algo me mate aos poucos. Isso é meio dramático, mas é a verdade.”
 
Leia Jorge: Como o senhor se vê perante a sociedade?
 
Aldir: Sociedade é algo muito complexo. Convivo com pessoas que também gostam de beber. Então, é mais fácil você me perguntar como me vejo perante a elas. E a resposta é: Normal.
  
Leia Jorge: Se sente culpado por beber tanto?
 
Aldir: Já me senti. Hoje em dia, não mais. Mesmo sendo uma doença, eu gosto. Fazer o quê, né?! Não estou fazendo mal a ninguém, só a mim mesmo. E eu já sou dono do meu nariz. Me preparo pra qualquer consequência, até porque, eu não tenho medo da morte. Deus me leva na hora que ele achar que deve. As pessoas se acostumam com o tempo.

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