Perfil dos autores


O CAVALEIRO DA ESPERANÇA - A vida de Luiz Carlos Prestes


Liviane Carvalho


Livro poético e biográfico é uma boa maneira de interpretar a vida contada de um dos principais cavaleiros deste país. Composto por 351 páginas, a obra é densamente escrita de forma séria e verídica, tendo como ingredientes pesquisas e relatos, onde o autor preocupou-se em confirmar a vida na escola, em casa, no colégio Militar e em todos os passos dados por Prestes.
Escrito por Jorge Amado em 1942, durante a vigência da ditadura do Estado Novo, com objetivo fundamental de servir à causa da anistia aos presos (e exilados) políticos, O Cavaleiro da Esperança – A vida de Luiz Carlos Prestes circulou amplamente no Brasil, mesmo antes do lançamento de sua primeira edição em língua portuguesa, através da tradução em espanhol, publicada naquele mesmo ano.
“Como senti necessidade de escrever uma biografia de Castro Alves, da mesma maneira achei que era meu dever de escritor, perante o povo do Brasil, escrever uma biografia de Luiz Carlos Prestes. Esse parêntesis que eu faço no meu trabalho de romancistas para escrever a biografia de um herói e a de um poeta eu o encontro sumamente honroso para mim”. J. A.
A nota do escritor consagrado Jorge Amado traz uma explicação clara e cordial do por que escrever sobre a vida de um homem que revolucionou o Brasil (e, com ousadia, também o mundo). E, não parando por aí, Amado conta sobre sua iniciativa em relatar a vida de um menino pobre que se tornou rico pela sua majestosa humildade.
“Esta biografia vale assim também como o pagamento de uma dívida de toda uma geração de escritores para com um líder do povo. Muito devemos a Luiz Carlos Prestes, com esta louvação quero lhe pagar uma parcela dessa dívida”.
E continuando... “A primeira vez que prometi escrever este livro foi em 1938, num ônibus que ia de Estância a Aracaju, em Sergipe”.
Do começo ao fim do livro, Jorge Amado apresenta essa história com respeito, e conduz todos os leitores de forma cordial chamando-os de “amigo”. Essa é uma obra para ser lida por todos que tem interesse em conhecer mais das lutas e vitórias do Brasil, é uma forma de sentir a dor, compaixão, amor, carinho, honestidade e humildade de um menino que se tornou homem ainda quando criança, e ensinou aos mais velhos a delícia de ser um verdadeiro homem e lutador pelo seu país.
Uma grandiosa saudação ao Cavaleiro da Esperança.            

Perfil do Autor

No momento das escolhas pelas obras, procurei aquilo que me prendesse. Olhei duas vezes os livros propostos pelo Dr.º Paulo Leandro, e cheguei a conclusão de que nada seria mais interessante para mim, senão a biografia de Luiz Carlos Prestes.
A minha escolha reflete em volta de toda uma discussão política e gosto político, e como 2012 foi um ano de eleição, uni o útil ao agradável aos meus olhos. O livro é muito bom, traz uma ideia de que Jorge Amado não é somente romântico, mas também um gênio da literatura brasileira.
Na minha primeira matéria quis muito falar com jovens revolucionários, para escrever basicamente em torno do livro, mas não consegui, mas minha segunda matéria deu certo em relação a esta vontade. Na terceira falei rapidamente sobre a eleição de Salvador e coloquei, junto ao embate dos políticos, o “embate” de duas fontes. Minha quarta matéria, é claro, narrará mais uma vez política. O livro O Cavaleiro da Esperança fez crescer mais ainda essa vontade de escrever sobre um assunto lido e contado por poucos. 



A Bola e o Goleiro

Juliana Caldas


“Vou contar a quem a queira ouvir a história da bola Fura-Redes e do goleiro Bilô-Bilô, o Cerca-Frango, uma historinha para ninguém botar defeito, breve e louca como a vida.”

Em 1984, em Salvador, Jorge Amado escreveu o livro A Bola e o Goleiro a pedido de um editor. A historia infantil, parte de uma coleção literária, narra o encontro da mais famosa bola de futebol, conhecida como Fura-Redes, e Bilô-Bilô, um goleiro sem talento com um monte de apelidos nada carinhosos. Mão-Furada, Rei-do-Galinheiro e Cerca-Frango eram alguns deles.
Antes do encontro que mudaria a carreira dos dois, a “Redondinha”, como Fura-Redes era tratada pelo Rei do Futebol, era a mais implacável das bolas. Com ela, não havia jogo que acabasse no 0x0. Muito justa, sempre atribuía um golzinho que fosse ao time que estivesse em desvantagem.
Em um jogo, porém, Fura-Redes se apaixona pelo seu maior inimigo: um goleiro. E logo qual goleiro, o maior engolidor de frangos de todos os tempos, o Bilô-Bilô. E a partir daí, e por todo o texto, a mais implacável das bolas faz do seu amado um jogador popular, aplaudido e querido. Sempre que é arremessada aos chutes paras redes de Bilô-Bilô, a Redondinha corre para aninhar-se nos braços dele. Daí em diante o Cerca-Frango ficaria conhecido como Pega-Tudo ou Tranca-Gol.

“Cerca-Frango cercava a bola por um lado, ela estava no outro, a galera já gritava go-o-o-ol! E, de repente, na hora agá, o que se via? Via-se a bola encaixada nas mãos de Pega-Tudo, apertada contra o coração do goleiro, nos braços de Bilô-Bilô, sossegadinha, feliz da vida. Em lugar de um novo gol de Fura Redes, a torcida saudava mais uma portentosa defesa de Pega-Tudo.”

Tempos depois, Fura-Redes foi escalada para o jogo em que o Rei do Futebol faria seu milésimo gol. E do outro lado do gramado, quem estava? Seu namorado, o sem talento Bilô-Bilô. O número um, agora famoso, estava contente em cercar o frango no gol número mil do Rei, mas sua amada não estava tão certa disso. Esse é um dos trechos mais engraçados do livro. Jorge narra a cena. Bilô-Bilô longe do caminho do gol, ao lado de uma das traves, esperando sossegado o momento em que seria eternizado como o goleiro que recebeu o milésimo gol do maior craque de todos os tempos. Fura-Redes é chutada em direção ao gol, mas corre para seu amado, que dispara em outra direção. E por algum tempo assim ficaram. A cena termina, é claro, com a Redondinha contente nos braços do seu namorado.
A história, apesar de leve e curta, nitidamente trata do amor de todas as formas e sentidos. Afinal, bolas e goleiros não foram feitos um para o outro. Mas, como diz o próprio Jorge Amado em uma das páginas do livro, “milagre de amor não tem explicação, não necessita”.

Perfil do Autor

Serei franca: Fui intimada a escrever sobre futebol. O professor Paulo Leandro propôs que eu lesse esse livro e baseasse minhas matérias em goleiros e futebol. Aceitei, e não me arrependo.
O livro infantil A Bola e o Goleiro é fascinante. A edição que adquiri, com ilustrações de Kiko Farkas, é colorida e atual. A história é, como definiu Jorge, “breve e louca como a vida”.
E como é ingrata a vida de um goleiro! Na primeira matéria entrevistei alguns “camisas 1” do Campo do Lasca, na Ribeira, bairro onde nasci e ainda moro. Um deles logo bradou, quando perguntei porque escolheu ser goleiro, que “não sabia jogar na linha”. Me dei conta de que assim são vistos os goleiros em seu próprio ambiente de trabalho: os sem talento, como o nosso anti-herói Bilô-Bilô. Ora, mas para defender os maiores artilheiros não se espera que, ao menos, tenha-se a habilidade de prever seus movimentos? Para a segunda matéria, voltei ao mesmo campo e busquei contar a história do lugar e de como ele sobrevive até hoje, apenas com o esforço dos amantes do futebol. Na matéria seguinte, sobre a rua dos esportes no bairro do Comércio, falei do mercado de artigos esportivos, mas tratei logo de emendar um pouco na tradição e abandono do lugar. Encerro com a quarta matéria, fazendo um balanço da atuação dos maiores times baianos em suas respectivas divisões do Brasileirão 2012.




Jubiabá

Helton Carlos

Jubiabá, livro escrito na década de 30, é um grande clássico do escritor Jorge Amado. Seguindo uma das características principais do autor, Jubiabá tem aspectos que refletem nos paradigmas sociais do país.

O livro conta a história do negro Antônio Balduíno (Baldo), descendente de escravos e nascido e criado no morro do capa-negro, um dos refúgios na periferia de Salvador  onde os negros se abrigaram após a abolição da escravatura e a posterior falta de apoio político.     Balduíno, que possuía uma visão crítica muito forte, não se identificava com o trabalho que os negros pobres tinham de fazer para sobreviver. Baldo, que vivia com as desilusões da vida, tinha uma imensa admiração por Jubiabá (personagem que dá nome ao livro), pai-de-santo do morro do capa-negro. Baldo o relacionava a um exemplo de liberdade e o tinha como referência de vida. Jubiabá era sábio, ajudava o povo negro, e mesmo os brancos iam a sua humilde casa e se ajoelhavam em frente ao preto velho.

Para fugir da vida vida de escravo, sem liberdade,  quando ainda era pequeno, Balduíno foi morar nas ruas, vivendo de esmolas junto a um grupo de moleques da sua idade. Tornou-se o líder dos desocupados, especialista em pedir esmolas da maneira mais comovente. O dinheiro apurado era dividido entre os membros do grupo. 

Quando adulto, foi trabalhar nas lavoura de fumo e se convence de que o trabalho do pobre é uma nova forma de escravidão. Enquanto os grandes industriais e agricultores, donos das plantações e das fazendas de fumo, gozavam de uma vida na alta classe, os trabalhadores viviam com um salário miserável, faltavam-lhes comida em casa para alimentar suas famílias. Diante da situação de miséria e condições de trabalho escravo Baldo inicia a luta pelos direitos do povo pobre, desencadeando em um processo de luta pelos menos favorecidos através de greve.

 A greve vence, Balduíno se torna um sábio, um sábio das armas do povo contra a exploração, e Jubiabá, o sábio da religião, o preto velho que ajudava os outros negros, se curva diante de Balduíno, o preto jovem, que está ciente das armas do povo pobre e negro.

Perfil do autor:
Estudante do 8° semestre de jornalismo da Unijorge e estagiário na Secretaria de |Comunicação do Estado da Bahia. 

A historia de luta de Baldo é a mesma luta do Brasil dos anos 30 e  atual. A batalha por igualdade e dias melhores segue em muitas cidades de todos os estados do País. Muitos Balduínos estão neste momento fazendo valer os seus direitos e defendendo quem mais precisa. Esse é um retrato do país que eu vivo. Neste ano a Bahia foi palco de duas grandes greves. A partir de um livro escrito na década de 30, resolvi tratar do tema na atualidade.




Farda, Fardão, Camisola de Dormir

TEÓFILO HENRIQUE


Jorge Amado é um mestre, sem dúvida um dos maiores escritores brasileiros . Autor de clássicos como “Capitães de Areia” e “Gabriela, cravo e canela”, tem uma vasta biografia. Grande parte de seus clássicos se passam em seu estado, Bahia, e são carregados de sensualidade e de tradições baianas oriundas da África. Porém, este não é o caso de “Farda, fardão, camisola de dormir” que se passa no Rio de Janeiro e quase não tem sensualidade e referências as tradições africanas, e mesmo assim Jorge Amado consegue escrever um bom romance.

Como todas as histórias de Jorge, esta também gira em torno de algo inusitado. Um imortal da Academia Brasileira de Letras morre e a trama gira em torno da eleição para sua substituição. No início o leitor é apresentado ao primeiro candidato, tido como favorito, um coronel do exército conhecido como torturador na ditadura do Estado-Novo, período no qual o livro se passa. A indicação não agrada os acadêmicos mais liberais que lançam um candidato, um general do exército da reserva.

Então acontece a batalha do Petit Trianon, onde nem o leitor mais astuto é capaz de prever o final. Jorge Amado nos envolve de tal forma que não nos livramos dos personagens nem mesmo quando não estamos lendo seu romance, deixando a trama tão empolgante e surpreendente que justifica a leitura com calma de cada página escrita.

Se não bastasse a narrativa de Jorge, e a história que ele conta em “Farda, fardão, camisola de dormir”, que se passa em uma ditadura e denuncia as atrocidades cometidas no governo Vargas no período da II Guerra Mundial, o romance também mostra a coragem do seu autor, pois o livro foi publicado originalmente durante outro período ditatorial do Brasil no início dos anos 80, época em que se torturou tanta gente ou mais que na era Vargas. 
 
Contudo para a elaboração das pautas referentes a esse livro procurei abordar mais a parte intelectual do livro, por se passar durante a eleição de um novo presidente da academia brasileira de letras preferi abordar o tema “educação” nas matérias desenvolvidas.


Perfil do Autor
Sou Téofilo Henrique, estudante de Jornalismo do 6 semestre, já sou graduado em outro curso de comunicação (Rádio e TV) e atualmente trabalho no Jornal A TARDE (Salvador-BA).

Para o desenvolvimento desse trabalho escolhi o livro Farda, Fardao e camisola de dormir, por ser um dos livros de Jorge Amado que tem uma maior ligação com o tema escolhido “O Intelectual”. Como o romance acontece em torno da eleição de um novo membro da academia brasileira de letras, foi a leitura mais adequada.

Dessa forma escolhi abordar a educação em no estado da Bahia, que esse ano passou por duas grandes greves, e também falar de um dos nossos representantes na Academia Brasileira de Letras, Afrânio Peixoto.


 Cacau

Clara Spinola





Cacau é narrado em primeira pessoa por um lavrador e conta a história dos trabalhadores em fazendas de cacau do sul da Bahia, na década de 1930.  O filho de um industrial rico decaído, vê o pai morrer quando ainda era criança, e o tio tomar tudo o que pertencia a ele e a sua mãe. Pobre acaba trabalhando na fabrica do tio de onde mais tarde e demitido por não se sujeitar aos mandos e desmandos.
Pobre e desempregado, com cerca de vinte anos de idade, chega à região baiana de Ilhéus, para trabalhar nas lavouras de Cacau, onde ganha o cognome de Sergipano e vai trabalhar como assalariado, alugado, na grande fazenda de cacau Fraternidade, do coronel Manuel Misael de Sousa Teles, indo morar num casebre de palha de um só cômodo juntamente com três outros assalariados.
Na fazenda conhece agora seus novos amigos, Colodino, carpinteiro na construção de galpões para secagem de cacau, barcaças, e libertário, o negro Honório, o negro Honório, pouco produzindo no campo, mas mantido como jagunço disponível, e João Grilo, trabalhador magricela sempre alegre.
Sergipano é o protagonista e narrador da história presente em Cacau. Em meio as suas lembranças, relata o trabalho duro nas plantações de cacau, as humilhações as quais era submetido e também o companheirismo entre os trabalhadores braçais da fazenda. Há, inclusive, uma passagem que faz o personagem refletir sobre um tema, que viria a compreender melhor posteriormente, quando se muda para o progressista Rio de Janeiro: a consciência de classe.
No livro é bem explorado o estilo “coronelístico”, os seus trabalhadores, os barões do cacau faziam fortuna em território baiano, sempre às custas de nordestinos miseráveis, muitos dos quais, em fuga de sua terra natal pelos mais diversos motivos. Dentre esses infelizes, está um filho da decadente cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Todos o chamavam pela alcunha de sergipano, apelido que faz referência ao seu estado de origem. 

Sergipano, trabalhando de sol a sol na colheita do Cacau e ganhando três mil e quinhentos reis diários, dinheiro que mal dava para a compra semanal na despensa de João Vermelho, sua alegria era ir a Pirangi nos finais de semana. Onde todos tiravam o atraso com as mulheres fáceis. Honório era um homem a quem todos respeitavam inclusive Mane Fragelo a mando de quem havia feito varias mortes. João Grilo gostava de contar causos e tocar viola.
João Cordeiro (Sergipano) é branco, tem cabelos louros, é alfabetizado, Cearense destoa dos demais trabalhadores e chama a atenção de Maria, filha do coronel dono da Fraternidade. Colodino assim como Jose Cordeiro, sabia ler e escrever e namorava Magnólia. Nas festas de São João o coronel veio para a fazenda com a família e Jose Cordeiro foi escolhido para ser o acompanhante de sua filha. Osório o filho do coronel também veio. Um dia Colodino pegou Osório e magnólia no flagra rasgou a cara do desgraçado no facão e fugiu para o Rio de Janeiro, de onde prometera escrever para Cordeiro.
A relação de Jose cordeiro com a moça vai colocá-lo diante da possibilidade de se tornar proprietário. No entanto, se mantém firme do lado dos trabalhadores. Ele recusa a oportunidade de se casar com a filha do patrão, para levar adiante, "de coração limpo e feliz", o seu sonho revolucionário. Jose cordeiro partiu para o Rio de Janeiro para lutar pelos ideais de classe.

Perfil do Autor

Não foi fácil escolher meu tema, O Trabalhador Rural. Como eu cheguei depois, as opções dos temas já tinham reduzido e das opções, escolhi O Trabalhador Rural pela influência da vivência familiar, minha mãe foi minha fonte principal para as matérias produzidas. Dividiu comigo todas as possíveis informações da Fazenda Conceição.  O livro Cacau que li, é muito interessante, vale a pena ler. É interessante observar como em alguns diálogos e descrevendo cenas, usam um vocabulário diferente dos dias de hoje. Mas o livro que era para ser um suporte para as matérias, a mim só foi um passatempo, leitura obrigatória mas não foi exatamente um suporte. 



Jubiabá

Thais Béu        
                                                                                            

O romance Jubiabá, do autor Jorge Amado, conta a história de Antônio Balduíno (Baldo), um personagem órfão, nascido na pobreza de salvador (BA), o qual era protegido de Jubiabá, seu pai de santo, um velho quase centenário, o qual conservava um respeito e apreço. Malandro por natureza, mesmo tendo sido acolhido por uma família abastada, Balda preferia as ruas, onde tinha amigos. Um personagem pitoresco da literatura que representa o típico baiano, descansado, porém cheio de vitalidade e criatividade.
São diversificados os universos que este personagem percorre durante a narrativa do livro. Baldo era boxeador, trabalhou em plantação de fumo, atuou como artista de circo e por fim estivador, tendo inclusive comandado uma greve no porto. Apaixonado por mulheres, baldo adorava de um rabo de saia, porém,tinha um amor contido por Lindinalva, filha do comendador que o havia abrigado e que, por ironia do destino, acabou tendo um fim trágico.

Um outro personagem importante do livro, como o próprio título faz referencia, é o Jubiabá, o qual  é pai de santo.
Pai Jubiabáé o líder espiritual do Morro do Capa Negro, mentor e protetor de Baldo. Ele aparece do nada na história, mas, sua presença é sempre marcante, como um ídolo. Sempre enfeitado com objetos típicos, colares no pescoço, patuás, penduricalhos, pulseira de búzios, ele demarca na literatura brasileira, o espaço da cultura baiana, impregnada neste típico personagem Baiano.

Em "Jubiabá", Jorge Amado apresenta sua ideologia política, consubstanciada nas dificuldades sofridas pelas classes minoritárias, subjugadas pelos ricos e poderosos.

A intenção central do livro, além da visão fantasiosa da vida popular, é insinuar o lento amadurecimento do protagonista, acordando para conscientização política. É um romance típico do "realismo socialista", com alguns elementos lascivos e condimentados do cenário baiano.

Perfil do autor: Nascida em Morro do Chapéu, Bahia, em 29 de dezembro de 1989.Bacharelanda em Comunicação social em Jornalismo pelo Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE).Cantora, compositora e musicista.Colunista do site Líder notícias.

Fotografa freelance, produtora e editora audiovisual, já tendo atuado em estúdios musicais como técnica de áudio, formada pelo curso de DB áudio em Salvador.Interesse em Educação, Música, Cultura, Ciência & Tecnologia, Cinema, Política e Sociedade.



Jubiabá

Leticia Rocha

O romance com a narrativa na terceira pessoa, conta a história de Antonio Balduíno. Mas, é o pai-de-santo Jubiabá, que leva o nome no titulo do livro.  Guia espiritual do povo, é o retrato da Bahia, preserva as tradições de seus ancestrais negros através do sincretismo religioso, além de ser considerado o representante de toda a comunidade do morro do Capa Negro. 

Baldo, com era assim apelidado, se torna um arruaceiro, chefe de grupo de moleques e se esquece de seus ancestrais negros e das tradições de sua raça.  Depois de sua tia enlouquecer, Baldo foi adotado pelo comendador Pereira, um comerciante em Salvador.  Baldo se apaixona por Lindinalva, a filha do dono da casa, tornando-se uma paixão impossível. Já oprimido pela sociedade, e enciumado pela empregada Amelia, sofre calunia pela mesma que conta aos patrões que Baldo espiava Lindinalva pela fechadura enquanto a menina tomava banho.  


Pereira lhe deu uma coça e então, Baldo fugiu de casa. Passou a morar na rua, juntando-se a outros meninos da sua idade. As aventuras e confusões de Baldo vão se partir daí, quando passa a ser menino de rua, vagabundo, sambista, boxeador, trabalhador rural, artista de circo, cresce e torna-se mulherengo.
 

No livro, Baldo passa de malandro para herói de uma sociedade, contado por Jorge, como injusta e esmagadora. A figura de consciência do herói a participar como líder do movimento grevista no porto.

A greve teve bons resultados e Baldo passa a ter novos planos para a sua vida, sonha em ser marinheiro e ganhar o mar, liderar outras greves pelos portos de todo o Brasil, porque ele acredita que embora os escravos e os trabalhadores lutem por uma liberdade, o direito de ser livre para ele não é viver sem trabalhar, ser livre é lutar por um ideal.


Na época em que o livro foi produzido (1934-1935), Jorge Amado tinha 23 anos e era membro do Partido Comunista, por aí se percebe que o romance tem uma característica idealista, certezas da juventude, e idéias transformadoras, características que não são mais vistas em obras dele, pós-PCB. 

 Pefil do autor: No romance "Jubiabá", existe uma ideologia política que surge de maneira evidente através do proletariado, da luta de classes, dificuldades sofridas pelos desfavorecidos. Então, veio a ideia de falar sobre algum bairro que passa por essas difuldades. 

E poque não falar do bairro em que moro? Pesquisei profundamente e pensei em falar sobre as suas conquistas e os seus problemas. O cartão cajazeiras foi uma das conquistas, visto que é o primeiro bairro a ter um cartão de crédito próprio. Segunda matéria foi sobre dificuldades de transporte público do bairro. Dando sequência, falei sobre o hospital de grande referência não só para o bairro, mas também para a cidade, o Dom Rodrigo de Menezes, antigo hospital colônia para o tratamento de Hanseníase, e por fim falei sobre o único programa televisivo produzido dentro do bairro.


A estrada do mar

Weslei Gomes


É o único livro de poesia de Jorge Amado. Foi escrito na década de 30 em Sergipe, depois de ser solto devido a ditadura do Estado Novo. Jorge imprimiu poucos exemplares e distribuiu entre os amigos. A Fundação Casa de Jorge Amado possui apenas os datiloscritos, no acervo, mas não é permitido o acesso por ser tratar de um livro não publicado.

Perfil do autor: O que me motivou a escolher o livro “A estrada do mar”, único de poesia escrito por Jorge Amado, foi a paixão e a familiaridade com o gênero. Por ser compositor e músico, sempre tive muito contato com letristas, compositores e poetas, e achei que seria uma boa oportunidade para falar dessas pessoas que dão sua vida pela arte de escrever, cantar e declamar.
A primeira matéria que escrevi foi sobre o poeta-ator Pareta Calderash, a segunda sobre o lançamento do livro de Emílio Mascarenhas, a terceira sobre o Sarau realizado pelo Círculo de Estudo Pensamento e Ação (CEPA) e a quarta sobre a falta de conhecimento e acesso das pessoas ao livro de poesia “A estrada do mar”, de Jorge Amado.




"Os Pastores da Noite" : O retrato da boemia no Brasil



Henrique Brinco



Dividido em três narrativas, as histórias de ‘Os Pastores da Noite’ formam um painel dos enfrentamentos sociais e dos laços comunitários e sincréticos que pautam a vida dos habitantes de Salvador, do Recôncavo e região.  O romance de Jorge Amado se constrói em partes autônomas, interligadas por personagens comuns: prostitutas, boêmios, vigaristas, entre outros tipos.

Na primeira parte, o cabo Martim, sedutor e craque dos, aparece com companheira fixa e planos de constituir um lar. A notícia surpreende os pastores da noite. Já a segunda trata do batizado do filho de Massu, negro musculoso que ganha a vida fazendo pequenos fretes. O padrinho do menino é o próprio Ogum, e assim o batizado mobiliza a noite da cidade, embaralhando candomblé e catolicismo. Na última parte, a ocupação do morro do Mata Gato por desabrigados desencadeia um conflito social e político.

No romance, destacam-se figuras como o caboclo Jesuíno Galo Doido, a mãe-de-santo Doninha, a jovem prostituta Otália, o padre Gomes, neto de um obá de Xangô, e o sonhador Pé-de-Vento, que diz ter mandado buscar na França um navio com quatrocentas mulatas. Também são cultivados outros valores controversos, como o culto à cachaça, o ódio à polícia, o horror ao trabalho.

‘Os Pastores da Noite’ é fascinante, belo, uma maestria de vocabulário e colocações precisas, além de retratar a cultura baiana, o calor fraternal dos amigos mais próximos, as falcatruas de políticos. Um livro para rir, viver e amar. Uma história onde o realismo mágico desemboca na mágica real que é a Bahia.

Perfil do Autor: Henrique Brinco (Salvador, 10 de maio de 1991) é repórter no Grupo Rede Bahia de Comunicação, afiliado às Organizações Globo na Bahia, com textos publicados em dois produtos onlines da empresa: os portais iBahia.com e Correio 24h.

Escolheu estudar jornalismo após conseguir bons resultados em audiência através de um blog no portal TV Magazine, onde tecia comentários sobre a programação da TV brasileira. Em 2009, ainda sem diploma de jornalismo, foi convidado pelo jornalista Paulo Sérgio Moraes para ser editor do site de variedades Portal PS.

Em 2010, passou a assinar a coluna 'Diariamente', com notícias sobre os bastidores da televisão brasileira, reproduzida em diversos portais de variedades no Brasil. Em maio de 2012, deixou o comando do site e teve uma rápida passagem pela produção da sétima temporada do reality show 'Ídolos', da Rede Record. Logo em seguida, assinou contrato com a Rede Bahia, onde está atualmente.

Em 2011, também trabalhou na assessoria de comunicação da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur) e da Bahiatursa, durante a gestão de Domingos Leonelli, além de colaborar eventualmente para os portais UOL e Vírgula.



Gabriela, Cravo e Canela

Vanessa Casaes
“O cheiro de cravo, a cor de canela, eu vim de longe, vim ver Gabriela” (moda da zona do cacau). É assim que o escritor baiano Jorge Amado, descreve a personagem de um dos grandes sucessos da sua literatura, “Gabriela, Cravo e Canela.
O livro é um romance que foi publicado em 1958. Retrata perfeitamente a época cacaueira, em um interior da Bahia conhecido como Ilhéus na década de 20. Uma cidade pacata e ao mesmo tempo rica, mas que precisava de muito progresso, pois o coronelismo ainda liderava e mandava nessa cidade.
O livro conta a história de um dos personagens femininos mais sedutores da literatura brasileira, “Gabriela”, uma menina mulher com cheiro de cravo e cor de canela, vinda de uma vida sofrida do sertão baiano, uma garota de personalidade simples e sem ambições.
Uma história de muitos romances e principalmente a história de amor entre Gabriela e o sírio Nacib, dono de um famoso bar da cidade que animavam as noites.
O romance começa logo quando Gabriela chega à cidade de Ilhéus e o sírio Nacib está a procura de uma cozinheira para o seu bar, vendo a Gabriela, em situações precárias, então a convida para ser a cozinheira do bar e morar na sua casa. Nacib se apaixona por sua beleza exótica e cada dia mais ele se encantava. Gabriela tarjava seu Nacib como "moço bonito, e precisava sair se divertir". 
Gabriela era diferente, não precisava prender o amor e era amante da liberdade, ela "gostava de dormir nos braços de um homem. Não de qualquer. De moço bonito como Clemente, Tonico, como seu Nilo, ah como seu Nacib". O sírio que pertencia a sociedade, não aceitava esse comportamento de Gabriela, ele queria fazer da moça uma verdadeira dama, roupas bonitas, sapatos altos e ter uma certa cultura, mas Gabriela não queria saber em pertencer a sociedade, não precisava casar para ser feliz e muito menos usar roupas bonitas ou sapatos altos, ela não queria e nem precisava disso para viver, era como ser livre como o vento.
Enquanto isso na cidade de Ilhéus, a chegada de Mundinho Falcão foi de muitos pivôs, um jovem político de idéias novas e contra a oligarquia dos coronéis liderada por Ramiro Bastos e que gerou muitas brigas entre os dois, mas Mundinho acaba se apaixonando pela neta do coronel Gerusa Bastos. Mas mesmo assim não desiste de lutar pelos seus ideais.
Além do bar do seu Nacib, as noites se ilhéus são animadas pelo Bataclan, onde reunião a maioria dos homens e coronéis da cidade.  
O livro é uma mistura entre ficção e realidade em que Jorge faz com que você se encante por todos personagens, esse livro foi de grande sucesso e foi inspirado para virar telenovelas da TV brasileira, exibido no ano de 1975 e um remake nesse ano de 2012. É uma obra de Jorge que não ficou só nos livros, e que encantou não só aqui no Brasil, mas em inúmeros outros. 
Perfil do Autor: O que me fez escolher a obra de Jorge Amado "Gabriela, Cravo e Canela" por se tratar de uma obra tão diferente a admirada, além da admiração por Jorge por mulheres como Gabriela e respeitar, e ao mesmo tempo não deixando o lado sensual da mulher brasileira. 
Procurei ao máximo trabalhar como no livro, as questões impostas pela sociedade em impor as mulheres daquela mesma época e as de hoje, a se arrumar, andar sempre bem vestida, ter um certo nível de cultura. Com isso escrevi quatro matérias tentando esclarecer todas essas regras, foi assim que escrevi “Escravas da Beleza” e outras sucessivas matérias.

Pastores da Noite


Rangel Querino



Escrita por Jorge Amado, a obra Pastores da Noite, lançada originalmente em 1964. É densa, cansativa em alguns momentos, mas é "redonda" ao mesmo tempo. Não é uma das melhores obras do escritor baiano, mas é feliz no seu recado. Além de retratar de forma integra a vida boêmia baiana.


A história se passa na Salvador da década de 60. Onde cinco homens – Cabo Martim, Curió, Jesuíno, Pé de vento e Massu – famosos pela malandragem que os cercam, além de serem mulherengos e boêmios formam os Pastores da Noite, e tinham o costume de frequentar prostíbulos, terreiros, casas de jogos e o bar do Alonso onde faziam o seu ponto de encontro, em que sempre juntavam-se para beber e contar historias. Outro lugar bastante frequentado pelos pastores é o Castelo de Tibéria, uma casa de prostituição onde a cafetina proprietária do local tem grande afeto pelos Pastores.


O livro não tem uma continuidade linear em toda a sua trama. Isto é, não existe apenas uma história e sim, três. Apesar de paralelas mostrando-se em episódios isolados, todas entrelaçam entre si, por ter cenários e personagens em comum. A primeira mostra o Cabo Martim, um dos mais sedutores de todos os pastores, renunciando a vida boemia ao anunciar que irá se casar com  a atraente Marinalva, o que acaba causando conflito entre o grupo e até por Tibéria que se mostra até uma paixão escondida pelo Cabo Martim ao protagonizar cenas de ciúme. O conflito fica maior quando Curió, o melhor amigo de Martim, descobre que está perdidamente apaixonado por Marinalva.   


No segundo episódio, Massu recebe das mãos de Maria, uma desconhecida um bebê loiro dos olhos azuis que afirma ser seu filho, com uma paixão do passado que havia morrido recentemente. Apesar de desconfiar da sua paternidade, ele resolve batizar o menino, com o nome de Felício de Jesus, então convida Tibéria para ser a madrinha da criança, mas fica em dúvida de qual dos pastores apadrinhará a criança. Ao consultar um pai de santo Massu acaba decidindo que Ogum será padrinho da criança. Marcando assim o sincretismo religioso tão presente na Bahia.


A última história do livro, narra o possível fechamento do Castelo de Tibéria. O dono do terreno do morro do Mata Gato, onde fica o prostíbulo foi invadido e o proprietário quer tirar todos do morro a base da força. Ao fim a desapropriação do morro é renegociada o que passa por alivio dos seus moradores. Mas logo é descoberto que a solução foi tomada para beneficiar interesses políticos.


Pastores da Noite não se mostra uma leitura imperdível. Não tem aquele gosto de continuar a ler mais e mais. Mas não se pode negar que a obra é recheada de coisas interessantes. É um prato cheio de simbologias baianas como sincretismo religioso, além de ser bastante atual apesar de escrita por mais 40 anos. 



Perfil do Autor


A escolha por Pastores da Noite veio do grande interesse que sempre tive por essa, que é umas das mais famosas obras de Jorge Amado. Como a história gira em torno de quatro amigos que vivem histórias diferentes em cada capítulo do livro, e por este motivo é rico de temas que podem ser explorados ao máximo em produções jornalísticas.


Com isso criei 4 matérias a cerca dos assuntos abordados no livro. A primeira matéria dizia respeito ao mundo dos praticantes de sexo fácil pela internet, algo que não está presente no livro diretamente, mas como há um bordel, o Castelo de Tibéria, na trama que interliga os episódios descritos no livro. Existe hoje uma certa concorrência entre a rede mundial de computadores e os profissionais do sexo, por este motivo me despertou a criação desta reportagem. A segunda ainda seguia o mesmo padrão mas desta vez com uma cara mais de prestação de serviço e curiosidade, um mapa dos sites de relacionamento da internet mais diferentes que existiam na rede, pegando o gancho dos amores que acontecem no decorrer do livro. A terceira foi um perfil com a servidora Maria das Graças Xavier, uma mulher, assim como as personagens do livro Tibéria e Otália, de personalidade forte que apesar de enfrentar grandes problemas leva a vida com bastante bom humor. A quarta e ultima matéria foi até uma entrevista com o Marcelo Cerqueira presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), sobre os casos homofóbicos que não tinham solução e o papel do órgão na luta como a discriminação sexual.


Por ser um livro que detém mais de uma história, em que os personagens têm múltiplas personalidades e vivem realidades diferentes. Pastores da Noite é uma obra rica em detalhes da nossa cultura baiana. Ao produzir as matérias me expus a lugares totalmente novos e desconhecidos por mim até então, e ainda conheci pessoas que me fez mudar o modo de como via a vida.

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água

Kamila Alves

A obra “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”, do autor Jorge Amado, foi lançada no ano de 1961. O livro possui 12 capítulos que são guiados por um narrador onisciente.

Entre todos os personagens criados pelo autor, o que mais merece atenção e destaque é Joaquim Soares da Cunha, vulgarmente conhecido como Quincas Berro D’Água.

A narrativa ocorre na cidade Soteropolitana do estado da Bahia (Salvador). A história toda gira em torno de Quincas, cujo apelido foi dado devido a reação de indignação e explosão que o personagem teve ao beber um copo de água acreditando ser cachaça, a sua bebida preferida. Todavia, Quincas não era o único apelido de Joaquim. Haviam outros como, por exemplo: O Cachaceiro-Mor de Salvador, Rei dos Vagabundos da Bahia, O Vagabundo por Excelência, O Rei da Gafieira, O Filósofo Esfarrapado da Rampa do Mercado e O Patriarca da Zona do Baixo Meretrício. O personagem saciava a sua sede com copos de cachaça e descansava ao lado das prostitutas. Ele era admirado e respeitado por todos os seus parceiros de bebedeira e farra. Ele era o “paizinho”, sábio e conselheiro.

No entanto, antes de iniciar a nova vida de pura farra e bebida, Joaquim era um funcionário da Mesa de Rendas Estaduais. Possuía uma vida responsável e, ao mesmo tempo, entediante. O personagem desliga-se dessa vida de “certinho” logo após chegar até ele a informação de que sua filha Vanda iria se casar com Leonardo Barreto, que possuía o mesmo estilo de vida de Joaquim. A diferença era que o jovem sentia-se completo e satisfeito com a vida que levava.

Ao ser apresentado a Leonardo, Quincas o chama de “coitado”, e nem Vanda e nem a sua esposa (Otacília) aprovaram o comportamento do personagem, o que acarretou em uma discussão, onde Leonardo é chamado de bestalhão e sua esposa de jararaca.

É nesse momento que começa a mudança radical na vida de Joaquim. Ele sai de casa e transforma-se no famoso Quincas Berro D’Água. Sua classe social (antes alta) decai muito, mas ele encontra a alegria de viver em meio a pessoas mais humildes, como marinheiros, prostitutas e capoeiristas.

Vindo de classe alta, Joaquim era considerado por muitos o “pai da gente”. Por um lado, isso mostra um sentimento paternal a idealizar as diferenças sociais da sociedade brasileira. Por outro lado, serve para enxergar uma descrição do autor da obra que, mesmo vindo de uma família rica, se envolveu com o tom, o estilo, a linguagem e o gosto popular. Sendo assim, tanto Jorge Amado quanto Quincas (personagem criado por ele), acabam tendo uma má reputação quando vistos pelos senhores mais “sérios e conceituados” da sociedade.

A narrativa começa, de fato, quando Quincas é encontrado morto trajando farrapos e com o dedão do pé a mostra através de uma meia furada. Porém, antes mesmo da morte física do personagem, ele já havia morrido moralmente para os seus familiares que o consideravam a vergonha da família.

Ao saber da morte do pai, Vanda resolve cuidar do enterro, acreditando que estavam colocando Quincas de volta aos eixos. Vanda acreditava que 10 anos de vergonha haviam sido, finalmente, finalizados. Joaquim foi vestido adequadamente, com roupas mais formais e sóbrias. Porém, de nada adiantou essa atitude da família que mais se preocupava com seu trabalho do que com a morte do personagem.

A notícia do falecimento correu rapidamente pelos botecos e bairros de classe baixa que Quincas frequentava. Assim, apareceu no seu enterro a sua família “escolhida”. Fazem parte dela: Curió, moço de paixões e noivados constantes; Negro Pastinha, que possuía 2 metros de altura, ajudante de bicheiro, bom de briga, mas bonachão; Cabo Martim, que havia dado baixa há 15 anos; e Pé-de-Vento, capoeirista que ganhava a vida caçando animais para zoólogos.

A chegada deles ao velório causa uma guerra fria entre a sua família social e a verdadeira, entre formalidade e autenticidade. Inicialmente, Vanda consegue a vitória colocando os “perdedores” em um canto da casa. Mas isso não durou muito, pois a família biológica do morto não sabe o que é dedicação e Vanda se retira do ambiente ao lado de sua tia, pois acha que não deve ficar num lugar tão pobre, perigoso e de má reputação. Leonardo retira-se em seguida, pois teria que trabalhar no dia seguinte. O único que havia ficado era tio Eduardo que deveria acompanhar e velar por toda madrugada, porém, por comodismo, cedeu o espaço aos quatro integrantes da outra família de Quincas.

Ao conseguir, finalmente, conquistar o território, a primeira reação foi de irritação por acharem que a família biológica não sabia fazer um velório mais decente, sem cadeira, sem comida e sem conforto.

A partir daí, surge uma garrafa de cachaça. O uso contínuo da bebida fez os quatro irmãos de Joaquim dialogarem com o seu corpo, como se ele ainda estivesse vivo. Fantasticamente, ou até mesmo por produto de bebedeira, ouvem a reação de Quincas diante das conversas. Acreditando que ele pudesse estar vivo, iniciaram uma festa com o “paizinho”. Derão bebida alcoólica a ele, trocaram suas roupas sociais pelas roupas antigas. Tiraram-o do caixão e resolveram passear com ele. A intenção da segunda família de Quincas era degustar a moqueca do Mestre Manuel, à beira do mar, junto aos velhos amigos de farra.

Alegres, partem para o mar, ambiente predileto do herói e local em que ele sempre manifestou ter desejo de ser enterrado. Porém, são surpreendidos por um temporal. Em meio à agitação agressiva das águas, depois de cinco trovoadas fortes, o que dizem ter visto foi Quincas levantar-se e atirar-se ao mar. Morria pela segunda vez, dessa vez justamente no ambiente que queria, adquirindo a liberdade que desejava.

Perfil do autor: O fato de possuir um dependente do álcool na família me fez ter uma maior curiosidade a cerca do assunto. Porém, nunca tive a oportunidade de poder me aprofundar um pouco mais nesse tema tão polêmico e de extrema importância social, apesar do pouco conhecimento que adquiri em meio a pesquisas virtuais.

A curiosidade foi o critério que utilizei na hora de selecionar o livro que li. E não me arrependo. A obra de Jorge Amado me mostrou pontos do alcoolismo que eu não conhecia, o que fortaleceu - e muito - o meu conhecimento leigo.

Curso o 6º semestre de Jornalismo na Instituição de ensino Unijorge, e baseei-me no livro para fazer as duas últimas pautas das matérias que foram pedidas como avaliações pelo docente Paulo Leandro.

Acredito que o resultado tenha sido bom, ao meu ver, está dentro do que eu esperava.

Produzi 4 matérias que fizeram a diferença no meu portfólio profissional, pois, além de me trazer amplos conhecimentos sobre o assunto, me fez vivenciar situações e conversar com pessoas que sofrem desse mal (dependência do álcool). A convivência com essas pessoas foi extremamente gratificante pra mim. Experiências únicas e que levarei pro resto da minha vida.


Capitães da Areia


Fernanda Fahel


Capitães da Areia foi escrito por Jorge Amado e lançado em 1937. Na época, a obra foi acusada de incitar o comunismo e teve 808 exemplares incinerados em praça pública, segundo informa reportagem publicada no jornal Estado da Bahia, em 17 de dezembro do mesmo ano.


Hoje, o romance é considerado um clássico da literatura Brasileira, famoso por retratar a vida do menor abandonado na Bahia e suas conseqüências: violência, criminalidade e prostituição.

A história conta o dia-a-dia de um grupo de meninos de rua, os Capitães da Areia, que vivia nas ruínas de um velho trapiche no cais do porto. Os garotos, que tinham entre 9 e 16 anos, viviam experiências além de suas idades, pois suas condições de vida eram muito ruins. Eles passam fome e não tinham roupas, apenas farrapos, sujos e rasgados. Tudo o que tinham era conseguido por meio de assaltos pela cidade de Salvador. 


O livro começa retratando a situação da cidade por meio de cartas enviadas ao jornal, a respeito da tensão causada pelas atividades dos Capitães da Areia e a falta de soluções. Com capítulos curtos, distribuídos em três partes, Amado apresenta alguns dos membros mais notáveis do grupo, seu dia a dia e suas histórias.

O personagem principal se chama Pedro Bala, um rapaz de 15 anos, que se tornou líder do grupo aos 5, mesma idade em que ficou órfão. Seu pai, um grevista, morreu lutando pelos direitos dos trabalhadores durante uma reivindicação, ao ser injustamente baleado. Sozinho e perdido pelas ruas de Salvador, Pedro acabou dando de cara com o líder dos Capitães da Areia, com quem lutou e saiu vitorioso com apenas uma cicatriz no rosto, uma das marcas do personagem. 
Pedro se tornou uma espécie de pai para os garotos do grupo.


 Ele era mais proativo e levava jeito para planejar os roubos. Tinha uma postura de chefe, sabia olhar e falar com autoridade. Professor é o único letrado do grupo; é, também, um desenhista muito talentoso. Ele adora ler e é muito amigo de Bala. O rumo de sua história vai dar voz aos meninos de rua. Volta Seca é afilhado de Lampião e não suporta figuras de autoridade. Seu sonho é encontrar o padrinho e entrar para seu bando. Já Gato é malandro e trapaceiro. 

Durante a historia, ele conhece uma prostituta mais velha, Dalva, com quem namora durante anos. Pirulito é o mais religioso. Ele é o cristão do grupo, um dos poucos que escuta o padre José Pedro. O padre é é uma das poucas pessoas que tenta melhorar a vida dos Capitães. Sem-Pernas é um garoto coxo, que sofreu muito por causa da polícia. Esperto, ele se aproveita da deficiência para ganhar a confiança de famílias e pedir abrigo. Sua real intenção, no entanto, é facilitar o furto dos companheiros. Apesar de topar o trabalho, Sem-Pernas não concorda em enganar os outros e sente-se mal por isso. Sem-Pernas vive revoltado e é um dos personagens mais profundos do livro.

Doce e corajosa, Dora é a única garota do grupo. Após perder a mãe, ela chega ao trapiche com seus dois irmãos mais novos. A primeira vista, todos a olham com desejo. Mas, com o passar do tempo, as necessidades infantis tomam conta e os olhares de homens tornam-se de crianças. Os garotos passam a enxergar Dora, não só como amante, mas como mãe, irmã e amiga. Sua chegada ao trapiche muda a vida e o destino dos meninos de muitas formas. Ela e Pedro Bala vivem um romance. 


Dora chega a dizer a Pedro que ele é noivo dela. Capitães da Areia conclui de forma triste, deixando claro que a realidade dos meninos de rua continua a fazer parte da história do país. Milhares de meninos novos não têm a oportunidade de ter uma educação de qualidade, uma família ou qualquer perspectiva de vida, que não a de rua.

Perfil do autor: Li Capitães da Areia pela primeira vez quando ainda era jovem, 14 anos, se me lembro bem. Na época, não apreciei tanto a importância do tema quanto hoje. Decidi por ler este livro pelo fato de saber que, dessa vez, enxergaria a história com mais maturidade e olhar crítico. Não me admira esta ser uma obra ainda considerada tão recente. 

Tanto é recente, que, há pouco tempo, foi lançando um filme baseado em Capitães da Areia. De 1937, ano em que foi lançado o livro, até hoje, a realidade dos meninos de rua da Bahia não mudou muito. Crianças e jovens passam fome todos os dias, não têm onde dormir, nem têm chances dignas de se escolarizar. 

Elas precisam enfrentar obstáculos além de sua idade e acabam por se entregar a uma vida de roubos e prostituição para garantir sua própria sobrevivência e a da família.Em geral, prefiro ler livros científicos. Perdi um pouco do encanto por romances, mas ainda os leio. Recentemente comecei dois, dos quais um é romance brasileiro. O Cortiço, de Aluísio de Azevedo; e O Mito do Amor Materno, de Elisabeth Badinter.

O primeiro foi indicação de um amigo. Ele disse que, se pudesse mudar algo em mim, me faria uma pessoa mais “naturalista” no sentido literário. Eu admiti não ter entendido muito bem o que ele queria dizer e, imediatamente, ele me apontou a obra. Já o segundo serviu de fonte de pesquisa para um livro que li há pouco tempo, A Cama na Varanda, de Regina Navarro. Espero gostar e aprender bastante com os dois.



Capitães da Areia

Laís Lopes

Publicado em 1937, o romance Capitães da Areia do escritor baiano Jorge Amado retrata a vida de menores abandonados em Salvador. Surpreendeu e surpreende todos àqueles que o  leem, e é talvez a mais influente obra do autor.

O livro conta a história de um grupo de moleques atrevidos, carentes de afeto, instrução e de comida, que vivem em um trapiche à beira-mar e fazem pequenos furtos e golpes que aterrorizam a cidade de Salvador.

Subdivido em 10 capítulos o romance inicia-se descrevendo o  local onde a história irá acontecer. Em seguida conhece-se os personagens e o desenrolar da história. O chefe do grupo era Pedro Bala, que ingressara na vida de furtos aos 5 anos e já se mostrava mais corajoso que muitas crianças de sua idade. Além dele,  cerca de 50 crianças viviam no trapiche; como exemplo tem-se: Professor, Gato, Volta Seca, Sem Pernas, Boa-Vida, João Grande, Querido-de-Deus, Zé Fuinha, Ezequiel e tanto outros que abrilhantaram ainda mais a obra desse escritor.

Após Dora ser a primeira menina a se tornar um capitão da areia, ou melhor dizendo uma capitã da areia, os meninos tentaram  se relacionar com ela, mas a defesa de Professor, João Grande e Pedro Bala impediram. Assim, Dora  tornou-se  a mãezinha e a “mana” dos meninos. Mas para Pedro Bala ela era a noiva, para Professor também, porém Dora retribuía apenas a Pedro. Ela também ajudava nos roubos, era uma companheira.

Depois de mais uma das ações de furto, Pedro e Dora acabaram sendo presos. A menina foi mandada para um orfanato e Pedro para um reformatório após ser torturado pela polícia da época. Então, os capitães da areia começaram a agir e conseguiram libertar Pedro que em seguida, invadiu o convento com a ajuda de alguns amigos e salvou Dora -  que já se encontrava doente-.

Após consumarem o amor e tornarem-se esposos, Dora, que já estava muito fraca por causa da doença,  faleceu. E os capitães seguiram a vida. A juventude já chegava para alguns e por isso cada um tomou seu rumo. Gato foi para Ilheús com sua amada Dalva; o Professor foi para o Rio de Janeiro e tornou-se pintor; Volta Seca foi atrás de seu padrinho Lampião e se tornou cangaceiro e entre outros destinos os demais capitães da areia se envolveram com greves e lutas a favor do povo, entre eles Pedro Bala que se tornou um líder revolucionário comunista.

 Capitães da Areia tende a ser diferente dos demais romances de Jorge Amado não apenas por causa da temática, mas também devido a sua estrutura. A mostra da modernidade no romance é que de certa forma ele não demonstra de cara que possui enredo, a história se desenrola como se estivesse literalmente acontecendo durante a leitura; assim, Jorge acaba rompendo com a tradição dos romances convencionais.

Em 1987 Adolfo Moreira Cavalcante escreveu o cordel ‘Pedro Bala, o chefe dos Capitães da Areia’, onde recontou com críticas sociais a saga do líder dos meninos abandonados. E em 2011 estreou nos cinemas o filme ‘Capitães da Areia’ por Cecília Amado, neta de Jorge Amado que realizou o filme em homenagem ao avô.


Perfil do Autor:

Após o debate de ideias quanto ao tema da produção de matérias referente à disciplina Práticas Avançadas de Reportagem, ministrada pelo professor Paulo Leandro no curso de Jornalismo (6º semestre), escolhi o livro Capitães da Areia e resolvi falar sobre a comunidade do Beco do Cirilo ( Estrada da Rainha ).

Na verdade morei pouco tempo neste local, e atualmente grande parte da minha família ainda vive lá. Mas, desde pequena escutei dos meus pais a história da infância e juventude deles neste local;as brincadeiras, as aventuras, as dificuldades e as alegrias. Por isso, conclui que a história do livro Capitães da Areia se assemelhava um pouco com o que eu sempre ouvi sobre o Beco do Cirilo e as histórias de quem vive e viveu por lá.

Sendo assim, produzi 4 matérias: na primeira, e particularmente a mais emocionante, fiz sobre a infância nesta comunidade e entrevistei o meu pai, Luíz da Silva; segunda matéria foi sobre o Grupo Ser Criança, a qual eu já participei, e que desenvolve atividades ligadas à educação e lazer das crianças do bairro; a terceira foi sobre os jogos de futebol do Beco do Cirilo e toda animação da torcida e por fim, entrevistei Ubiraci Aragão, filho de José Caldeira de Almeida mais conhecido como ‘Seu Zequinha’, personalidade pitoresca do local.

Foi extremamente gratificante produzir esses quatro textos e eu pude conhecer um pouco mais sobre esse universo. A troca de ideias e informações com o professor Paulo Leandro e toda a turma também foi de grande importância para que o trabalho fosse concluído.



Mar Morto



Artur Queiroz

Mar Morto foi escrito por Jorge Amado em 1936, quando ele tinha 24 anos. A obra gira em torno do personagem Guma, um forte e corajoso pescador dividido entre dois amores: Lívia, o bem da terra, e Yemanjá, o bem do mar. Mar Morto é repleto de grandes e perigosas aventuras e de romances intensos.

A história toda é ambientalizada no cais da Bahia, onde viviam os marinheiros. O mais antigo deles é Seu Francisco, que criava o sobrinho Guma, ensinando-lhe as leis do mar. Guma, com o tempo, tomou conta do saveiro do chamado Valente, que antes pertencia ao seu tio.

A fama de Guma no cais ocorreu em uma noite de tempestade quando ele colocou a própria vida em risco à bordo do Valente para salvar um navio que iria naufragar.

Depois disso Guma conheceu Lívia, uma das mais belas mulheres do cais. Eles iniciaram um romance e chegaram a se casar, indo morar na casa de Seu Francisco, onde ao lado deles foram morar Rufino, o grande amigo de Guma, e Esmeralda, sua esposa.

Viviam todos muito bem até que Guma envolveu-se com Esmeralda que o perseguia. Quando Rufino descobriu a traição teve um desgosto tão grande que matou Esmeralda e depois de matou. Logo depois Lívia descobriu que estava grávida, mas Guma, com remorso de ter traído Rufino e Lívia, embarcou no Valente que acabou batendo nas pedras. Ele não morreu, mas o Valente ficou totalmente destruído.

O filho deles nasceu e se chamava Frederico. Guma estava feliz com o filho, mas ao mesmo tempo arruinado por ter perdido o saveiro. Sem escolha, comprou outro saveiro, o Paquete Voadir, e começou a contrabandear seda para os árabes. Numa dessas viagens, o filho de um dos árabes tinha ido junto para Porto de Santo Antônio, mas caiu no mar. Guma prontamente pulou no mar e conseguiu salvá-lo, mas acabou morrendo com seu ato de coragem.

Lívia ficou com Frederico e o Seu Francisco, e tomaram conta do Paquete Voador apenas com a lembrança de Guma que ficou para sempre na memória do cais, principalmente porque após sua morte as águas do mar se tornaram calmas e mortas, mas também por ele ter sido um homem de coragem e bom coração.


Perfil do autor: Jorge Amado escreveu Morto em 1936, quando tinha 24 anos. O que me motivou a escolher o livro foi o fato de já ter uma noção de qual era história central por ter assistido a novela Porto dos Milagres, exibida em 2001 pela TV Globo.

A vida dos marinheiros e dos pescadores, romances tórridos, traições, grande e perigosas aventuras e a devoção a Yemanjá são os principais elementos desta obra, que descreve tão bem a rotina de vida no cais da Bahia.


A partir da leitura eu escrevi quatro matérias que foram publicadas aqui no Leia Jorge. A primeira delas tem um tom de serviço e fala de como se escolher o melhor peixe, onde comprar, qual o melhor dia e as espécies mais caras e mais baratas. A segunda é um perfil da Colônia de Pesca do Rio Vermelho, a Z1. A terceira matéria fala da presença de Dorival Caymmi nas obras de Jorge Amado porque muitas canções de Caymmi fazem referência direta a Mar Morto e a outras obras de Amado.


Esta obra é ludicamente tão rica que eu adotei como base para o desenvolvimento de outros trabalhos em outras disciplinas neste semestre do curso de Jornalismo na UNIJORGE. É um livro leve, mas ao mesmo tempo intenso e mesmo sem conhecer toda a obra de Jorge Amado eu tenho certeza de que este é um dos melhores livros dele.





O Suor retratado no Casarão 68

Laís Carneiro de Oliveira
 

Um enorme casarão colonial número 68 transformado em um cortiço, um ambiente sombrio em que todos são protagonistas, em um romance da multidão na Ladeira do Pelourinho.

Essa é a terceira obra publicada pelo romancista baiano Jorge Amado, em 1934, quando ainda tinha 22 anos. O livro Suor espantou e espanta o público pela sua forte investigação psicológica da ‘alma’ humana dos moradores do Casarão, em que todas as pessoas comuns ali presentes, sejam prostitutas, operários, lavadeiras, costureiras, vendedores ambulantes, mendigos, doentes ou cafetões, tornavam-se protagonistas de suas histórias e integravam ao mesmo tempo uma mesma história, a do Casarão 68, com o autor relatando o seu elevado senso crítico e político, envolvendo os leitores com a sua forte capacidade de observar, ouvir e escrever sobre os moradores do cortiço do Pelô.

Foto de Laís Oliveira lendo o livro Suor, de Jorge Amado.
O autor, que chegou a morar no casarão quando ainda era estudante do ginásio, pôde relatar a sua experiência vivida no local, tanto humana quanto social, e por isso a obra foi por ele chamada de “caderno de aprendiz de romancista”, com uma narrativa não linear que aborda o proletário, também chamado por ele de “romance proletário”. A obra, que mescla a literatura e os valores políticos, transcreve discursos de caráter revolucionário e traz à cena atores sociais que movimentam a massa e a multidão, dando ênfase à ação coletiva em perda da individualidade, dando voz e vez aos explorados.

Na ausência de protagonistas, Jorge Amado retrata a vida de inúmeros moradores do Casarão 68, mas a maior parte deles não são chamados pelos nomes, como Joaquim, Chico, Zefa, Dona Risoleta, Genovava, Linda, Álvaro Lima e Julieta, mas sim pelos seus traços mais grosseiros, tais como a surda-muda, a prostituta polaca, o dos dentes de fora, o vermelho, a tuberculosa, a preta do tabuleiro, o de camisa de listras. Já outros eram chamados de preto Henrique, velho Jerônimo, Maria Cabuça, Zé Mãozinha, preto Temístocles.

E esses personagens surgem na narrativa e são minimizados por causa de um “único traço de ligação: a pobreza em que vivem” (p. 115) e as cenas apresentadas no livro evidenciam o efeito que o ambiente causa nos moradores, e essa harmonia presente entre o homem e o meio já é apresentada no próprio título da obra, abordando ao longo do romance: o odor das fezes e urina nos corredores, a tosse encarniçada da tuberculosa, o cheiro de defunto dos quartos e o calor, o mormaço persistente que “doía como socos de mãos ossudas. Invadia o sótão e as pessoas” (p. 13). E quando o assunto o assunto era sexo: “homem para ser homem precisa beber cachaça, dormir na cadeira e ter gonorreia... E quase todos tinham gonorreias crônicas, com as quais se acostumavam como se acostumavam com os ratos da escada e o cheiro de suor que enchia o prédio” (p. 43). Esses trechos abordam os efeitos morais relacionados ao universo social embrutecido, reduzido à animalidade e distante de qualquer regra que não seja aquela dos instintos mais sujos e das satisfações mais imediatas apresentadas pelos moradores do Casarão 68. 

Outros trechos registram o corpo humano como representação das desigualdades e exploração da sociedade de classes: Artur, a “máquina lhe levara os dois braços. Um de cada vez”. (p. 38); Joaquim ficou cego por causa da pressa do patrão, “se atrapalhou, o tijolo bateu no meio da testa” (p. 61); as lavadeiras de roupas “envelheciam depressa sob o Sol que as castigava” (p. 85); até a boneca de uma das filhas era “aleijada”; o mendigo Cabaça, cuja perna vai apodrecendo gradativamente, a ponto de “desprender um cheiro que afastava dele os caridosos” (p. 90); crianças com “barrigas grandes, cheias de vermes, dentes quebrados” (p. 60), cujos “ossos apareciam todos sob a pele amarelada” (p. 93); homens “amarelos de cara chupada. Mulheres magras, curvas como velhas” (p. 99).

A obra tem início com o suor de alguns inquilinos subindo as escadas, que os “devorava um a um” e tem fim com uma multidão furiosa, “homens e mulheres se juntavam à multidão que enchia a ladeira do Pelourinho para protestar contra a prisão dos operários” (p. 131). Todo o 68 estava presente, como “se visse envolvido nas consequências da greve quando apenas os operários da companhia de bondes estavam nela interessados” (p. 130). Por fim, a multidão avançou para os investigadores, de braços levantados, e naquela noite sentiu-se “um cheiro de roupa suja, um cheiro de quarto de defunto, desta vez sentido por homens e mulheres” (p. 132). Essa cena final sintetiza o que o Suor quis ser como literatura proletária, tornando aparentes as representações, percepções e utopias ‘modeladas’ pelo consumismo, fazendo com que esta obra, de 1934, continue representando a sociedade brasileira atualmente.

Perfil do Autor: Moradores do Pelourinho. Esse foi o meu tema escolhido para produzir quatro matérias baseadas na terceira obra (Suor, 1934) do escritor Jorge Amado, para a disciplina Práticas Avançadas de Reportagem, ministrada pelo professor Paulo Leandro, no V e VI semestres do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, no Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE).

A escolha desse tema foi uma forma de tornar visível o Centro Histórico de Salvador, mais conhecido como Pelourinho, com reportagens sobre a apresentação da história local contada por Clarindo Silva, a divulgação de atividades culturais da Coleção Emília Biancardi, e também como forma de denunciar um local aparentemente abandonado, com reportagens sobre o baixo rendimento do comércio e a falta de segurança por entre as ruas do Pelô.

Assim, mesclando assuntos sobre a arte, história, segurança e comércio do local, pude aprender e conhecer de perto relatos de pessoas, questões que deveriam ser divulgadas pela mídia e a falta de melhoria e incentivo pelo Centro Histórico de Salvador como um todo. Tive como referencial teórico a leitura do livro Suor, que ainda retrata alguns traços parecidos ou iguais a atual situação do Pelourinho, mesmo após 78 anos de publicação do suor retratado no antigo Casarão 68.

Logo, pude praticar tudo o que antes havia sido ensinado em sala de aula pelo professor Paulo Leandro, de acordo com todos os princípios jornalísticos e sem esquecer de escrever, ler e reler o conteúdo!


      
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

Sirleia Araújo

Escrito no ano de 1948, em Paris, enquanto Jorge Amado residia com sua mulher e seu filho João Jorge de apenas 1 ano, essa história é especial pois foi escrita como presente de aniversário para seu filho e não havia a intenção do autor de publicá-la.
Perdido nos pertences da criança, o rascunho só foi encontrado quando João Jorge estava com 29 anos,no ano de 1976, e finalmente tomou conhecimento da existência dela.
A fábula conta a história de um gato, mal humorado, que vive só, em meio a floresta e que não fazia questão da amizade de ninguém, pois achava-se auto-suficiente. Todos ao redor tinha medo do gato que passava a impressão de ser ruin e pouco sociável, somente a coruja tinha coragem de enfrentá-lo e somente ela sabia que ele não era tão mau assim como imaginavam.
Em uma bela tarde de primavera, uma ousada andorinha pousou bem na árvore que o gato gostava de dormir, impressiondo com a atitude o gato se aproxima e daí surge uma amizade , que um pouco depois viria a descobrisse que era amor.
Todos os dias eles se encontravam, conversavam, brincavam e isso começou a encomodar a população vizinha, que não economizou em criticá-los por não entender como espécies diferentes mantinham tal relacionamento.Mas eles não se importavam, só havia espaço para o amor que crescia entre eles, acabou a primavera, entrou o verão com suas noites estreladas, chegou o outono com dias belos e repletos de alegria por parte dos apaixonados. A cada estação , a pressão por parte daquela amizade e do amor impossível que brotava entre eles aumentou. O gato e andorinha foram alvo de tantas críticas que os pais dela tiveram que tomar uma atitude que mudaria a vida deles paar sempre.
Enfim o frio do inverno chegou, os dias ensolarados deram espaço para as tardes cinzentas. A andorinha iria casar, estava  tudo pronto, a festa seria imensa, animais de vários lugares foram convidados. todos conseguiram o que queriam, separá-los por causa das diferenças.Tudo o que puderam fazer foi passar um dia inteiro juntos e quando a   noite chegou , ela foi embora, o gato ficou com o coração partido sem saber o que fazer, na hora do casamento ele passou em frente a porta da igreja para avistá-la uma última vez, os olhares dos dois se cruzaram e o gato derramou uma lágrima de dor e começou a andar, a andorinha sabia para onde seus passos o levavam e ela não poderia impedir. O gato tomou a direção dos estreitos caminhos que conduzem à encruzilhada do fim do mundo, a moradia de uma cobra cascável, nunca mais ele foi visto novamente.
Moral da história, o mundo só vai ser melhor quando todos aceitarem e respeitarem as diferenças alheias.
" O mundo só vai prestar para nele se viver, no dia em que a gente ver Um gato maltês casar com uma alegre andorinha, saindo os dois a voar, o noivo e sua noivinha,Dom gato e dona Andorinha".
Estêvão Escuna, poeta popular.

Perfil do Autor: Sou estudante de jornalismo, 5º semestre, amo ler livros de romance, ficção,literatura, aventura e principalmente o maior livro de todos os tempos, a bíblia, fonte de toda a verdade do universo e da vida.
Costumo dizer que não escolhi jornalismo, ele me escolheu, pois não foi  minha opção quando entrei na Unijorge, foi o único curso ligado a comunicação disponível para mim, no ano de  2009.
Amo o que faço, amo escrever, não sou muito pontual mas nunca deixo nada que eu possa fazer hoje para amanhã.
Sou amiga, companheira, não sou muito de falar e sim de ouvir, detesto pessoas falsas e arrogantes, que acham que o mundo gira em torno de si.
Fazer jornalismo na Unijorge foi um presente de Deus na minha vida, algo que nunca esquecerei, é enriquecedor em todas as áreas, tanto profissional quanto pessoal, aprendi a falar melhor, e  a me relacionar também.

O amor do soldado


Thaís Barcellos

Elaborado durante a Segunda Guerra Mundial, O Amor do Soldado foi a única obra teatral de Jorge Amado, protagonizada por Castro Alves, poeta baiano, a peça foi um pedido da atriz e diretora Bibi Ferreira, que pretendia encená-la. No entanto, logo se desfez, e a peça não chegou a ser levada ao palco. O texto então coloca em cena a atriz portuguesa Eugênia Câmara, com quem Castro Alves manteve um caso amoroso e a quem dedicou alguns dos poemas de Espumas flutuantes.

A obra originalmente foi intitulada O amor de Castro Alves, a obra retoma, em linguagem dramatúrgica, passagens da biografia do poeta, ABC de Castro Alves, realizada por Jorge Amado poucos anos antes.

O texto compara a importância de Castro Alves à dos praças brasileiros que combatiam na Europa.

A história começa em 1866, no Recife, onde os amantes se conhecem, e a ação retrata os conflitos de um autor dividido entre a relação com sua amada e a causa abolicionista. O conflito é compartilhado por Eugênia. Ela admira a consciência social do poeta, mas hesita entre dar seqüência à bem-sucedida carreira de atriz ou acompanhar um Castro Alves devotado à libertação dos escravos e aos ideais republicanos.


O amor do soldado compõe-se de três atos, prólogo e epílogo. Tem como cenário as cidades do Recife, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em dezenove cenas, participam personalidades como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Tobias Barreto, Antônio Borges da Fonseca e Fagundes Varela e o próprio jorge Amado participa da peça.


Em diversos momentos o autor faz elogios ao poeta que, como um lutador na frente de batalha pela abolição e pela República, combinou lirismo e atuação social.

A peça foi publicada em 1947, ano em que se comemorava o centenário de nascimento de Castro Alves, ainda com o título O amor de Castro Alves. A partir de 1958 passou a se chamar O amor do soldado.



Perfil do Autor: O livro que escolhi fala de um soldado guerreiro, que lutava por um ideal, com isso montei minhas pautas tendo como base a Polícia Militar da Bahia, e a partir disso escolhi fontes que poderiam ter algo em comum com personagem da obra de Jorge Amado. 

O Sargento que entrevistei me descreveu a sua vontade desde de criança de se tornar policial militar, e de ir em busca do seus sonhos, passando pelo exército, onde foi eleito o melhor e mais destinto soldado da turma.



O personagem da obra O amor do soldado, mostra essa paixão e determinação para a libertação dos escravos e fui em busca de uma fonte que tivesse as mesmas características.



Gostei muito do resultado das minhas matérias, foi realmente o que eu tinha planejado. Nas matérias seguintes continuei tendo como base a Polícia Militar e busquei outros enfoques, como por exemplo, como ingressar em alguma corporação militar e a mulher militar.


Dona Flor e Seus Dois Maridos




Laura Carvalho


Dona Flor e Seus Dois Maridos é uma das obras mais conhecidas de Jorge Amado, publicada em 1966. A história fala sobre moral e amor de maneira leve e descontraída, com pitadas de ironia espalhadas ao longo da trama.
Jorge expõe o cotidiano da sociedade baiana, cheio de contrastes e desigualdades, e não perdoa ninguém, tirando sarro de todos. Há a presença do erotismo, característica marcante nos livros de Jorge, mas ele também fala sobre preconceito e hipocrisia no país da cordialidade e da crueldade, da ordem e da desordem. 
O livro começa com a morte, em pleno carnaval, de Vadinho, primeiro marido de Flor e malandro incorrigível. Ele levava uma vida de pura malandragem, e em uma dessas, consegue levar Dona Flor para o altar.
Florípedes, ou Flor, era professora de culinária da escola Sabor & Arte (que pode ser entendida como “saborear-te”), por onde circulam as histórias que marcam a narrativa principal. De luto, ela recorda os altos e baixos do relacionamento com Vadinho.
Em seu dia-a-dia, Flor consegue transmitir suas diversas experiências: divertidas, tristes, dramáticas. Com a ajuda das amigas, ela vai levando a sua vida de luto, mas por dentro tem um fogo que lhe consome. Ainda jovem e bonita, ela desperta a atenção do corretíssimo farmacêutico Teodoro, com quem se casa depois. As diferenças entre os dois maridos são gritantes: Teodoro era homem de respeito, sistemático, fiel. Amava Dona Flor. Mas mesmo com tanto amor, ela não esquece, em momento algum, do finado marido. Até que o fantasma de Vadinho começa a persegui-la, quando ele se intromete na cama de Flor e Teodoro. O desejo daquele homem que lhe consome na cama se faz cada vez mais forte e ela não consegue resistir ao fogo do desejo que apenas Vadinho pode lhe saciar. Ela sofre por amar dois maridos e no início só ela sabe o quanto foi difícil conviver com aqueles sentimentos, mas no fim ela aceita, porque eles se completam.
O interessante é que cada personagem que cruza a vida de Dona Flor, de Vadinho e de Teodoro tem nuances e profundidade que merecem um conto ou romance próprio. Alguns desses personagens cativam ao longo da história, como Dona Norma, enquanto outros causam impaciência, como é o caso de Dona Rosilda, mãe de Flor.
Como plano de fundo para essa história, está a Bahia de Jorge Amado, que é “montada” pelos detalhes culturais e pelas pessoas, sem ficar extremamente detalhista, o que nos faz remeter àquela época de forma instintiva.
Jorge Amado rompe com o conceito da mulher correta de antigamente, imposto pela sociedade, que era nascida para casar, procriar e servir ao seu marido; ele dá autonomia a essa mulher, permitindo que ela usufrua dos prazeres sexuais com seus dois maridos, e mostra que esta pode e deve se permitir viver uma vida plena, trabalhando e amando ao seu bel prazer.

Perfil do autor:
Na matéria Práticas Avançadas de Reportagem, do professor Paulo Leandro, escolhi o tema “culinária”, o qual tinha como base o livro Dona Flor e Seus Dois Maridos. Esse tema foi o ponto de partida para realizar quatro matérias jornalísticas.
Das três que fiz até então, a primeira foi sobre como fazer um bom caruru. A segunda foi sobre a culinária do sul da Bahia, e a terceira foi falando sobre as comidas de santos.
Tenho muito interesse pela culinária e a ligação desse assunto com o livro Dona Flor e Seus Dois Maridos me trouxe a oportunidade de conhecer essa obra tão famosa, das mais conhecidas de Jorge Amado, que já virou filme, minissérie produzida pela Rede Globo e também peça de teatro.
Por fim, não tem como não se encantar com as receitas de Dona Flor. Recomendo a todos a leitura deste clássico de Jorge Amado.







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