quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Prostituta transexual faz revelações íntimas sobre sua profissão

Fernanda Fahel
Aos 16 anos, Michelle Sampaio fez sua primeira cirurgia. A moça admite que, desde criança, nunca sentiu atração por homens. Após ganhar seios, ela fez uma lipoescultura para deixar o formato do corpo mais feminino e atraente. Michelle nasceu e morou em Recife (PE), onde fazia curso de direito e trabalhava como cabeleireira. Apesar da estabilidade financeira e perspectivas de mudar sua área de atuação, Michelle sentia-se esgotada pela correria da faculdade e a vida no salão. Por meio de algumas amigas, a moça acabou por conhecer o mundo da prostituição. Ao descobrir que podia lucrar muito mais com a nova profissão, Michelle largou o trabalho e os estudos para se tornar garota de programa em Salvador, onde hoje mora muito bem, no bairro da Pituba. Além de fazer hora na Orla e Manoel Dias, a prostituta é associada ao site Elite Girl, em que aparecem fotos sensuais da moça. Jovem, bonita, dona de um corpo escultural e muito feminina, Michelle não esconde o rosto. Apesar de ser transexual, seus traços são delicados e podem enganar muito fácil. O que mais entrega o gênero natural da moça é o timbre de sua voz que, apesar de suave e feminino, soa suspeito.
Leia Jorge: Como você se tornou prostituta?
Michelle: A partir do momento em que eu queria me manter sozinha, ser independente. Eu comecei, através de umas amigas minhas, a fazer programa. Ganhava dinheiro fácil, não tinha que dar duro. Trabalhei em salão e não agüentei. Com apenas um programa eu passei a ganhar varias vezes o dinheiro de uma escova. Trezentos, quatrocentos, quinhentos, dependendo do cliente.
Leia Jorge: Com que idade você se tornou transexual? Já fez cirurgias? Como você se comporta no dia-a-dia?
Michelle: Eu me descobri com 16 anos, mas, desde criança, nunca tive atração por mulher. Nunca, nunca, nunca. Eu vejo mulher como amiga. Com 16 anos, coloquei minha primeira prótese. Na época, era 10 mil reais. Me comporto normalmente no dia a dia, me visto super bem, discreta. Fiz, também, uma lipoescultura porque eu era barrigudinha.
Leia Jorge: Qual foi a reação da família quanto a profissão e a transexualidade?
Michelle: Minha família me discriminou muito. Só não minha mãe. Mas discriminaram pela profissão só. Eles não concordam com a prostituição. Mas hoje eles me adoram e aceitam.
Leia Jorge: Com quem você mora atualmente? É casada? Tem filhos?
Michelle: Eu moro sozinha aqui na Pituba mesmo, mas sou de Recife. Meus cachorros são meus filhos.
Leia Jorge: Os rapazes que chegam em você, geralmente percebem que você é transexual?
Michelle:Não. A maioria pensa que eu sou mulher. Mas muitos já sabem. Principalmente aqui na Bahia. Eles gostam de travesti mesmo. Aqui tem dia que não fica uma (prostituta) na rua.

Leia Jorge: Você não parece ser travesti...
Michelle: Eles gostam assim. Quanto mais feminina, quanto mais você parecer com mulher, mais eles gostam.
Leia Jorge: Você acha que o homem que procura uma travesti é um homossexual enrustido ou apenas um curioso?
Michelle: Para mim eles são héteros porque eles me vêem como mulher. Bonita, tenho seios, sou feminina, só não tenho o que eles querem. Aliás, eles não querem isso (o órgão genital feminino).
Leia Jorge: Você pensa em trocar de sexo?
Michelle: Não. Sabe o que um cliente me respondeu hoje? Que se ele quisesse mulher ele tava na casa dele. Ele veio procurar uma travesti.
Leia Jorge: Mas você sente vontade de fazer a cirurgia?
Michelle: Até agora, eu não tive necessidade de trocar de sexo.
Leia Jorge: Os clientes pedem para usar acessórios?
Michelle: Pedem muito! Além de lingeries, pedem vibradores. Mesmo a gente tendo (órgão genital masculino), eles querem maior ainda. De dezoito, de vinte, vinte e dois. Eles pedem. Mas só no site. (Elite Girl)
Leia Jorge: Muitos casais procuram garotas de programa?
Michelle: Sim. Já sai com vários casais e achei interessantíssimo.
Leia Jorge: Você conhece algum caso curioso que possa compartilhar?
Michelle: Eu tenho amigas travestis que são casadas com mulher normal. Existe também travesti com travesti. Duas travestis já me pediram em namoro. Você acredita? Que nada... Gosto de homem. Ta louca? Uma mulher pegando no meu peito? Ui... –arrepiou-se de aversão.
Leia Jorge: Você já passou por alguma situação muito desagradável? Como foi?
Michelle: Teve um cliente que teve relações comigo e depois falou que não tinha dinheiro para me pagar. Eu fiquei muito chateada, mas tratei ele “fina”. Falei que ele era um sujo e que nunca mais ele fizesse isso porque outras poderiam fazer muitas coisas erradas com ele. E sai do motel. Hoje em dia eu quero sempre meu dinheiro adiantado. Foi muito estressante.
Leia Jorge: Qual foi o pedido mais bizarro que já lhe fizeram?
Michelle: Fazer coco na cara dele (do cliente). Muito bizarro isso. Para mim isso foi alem do limite. Não fiz. Não tenho coragem.
Leia Jorge: Já aconteceu alguma situação maravilhosa durante o trabalho? Algo que você vá levar para o resto da vida.
Michelle: Muitas! O meu primeiro cliente, por exemplo, me deu dois mil reais para não fazer nada, só conversar. Para mim, aquilo ali foi maravilhoso. Fiquei louca. Só batemos papo e, no final, ele falou: “Eu tenho um presente para te dar” e puxou dois mil reais do bolso. Nunca vou esquecer esse cliente. Tem outro que deposita dinheiro todo mês na minha conta. Tem um que sempre me ajuda no aluguel. Toda vez que ele quiser (sexo), eu to disponível.
Leia Jorge: Existe envolvimento sentimental com cliente?
Michelle: Existe. Tem cliente que se apaixona. Rola muito isso.

Questionada se os clientes a reconheciam na rua, Michelle disse que sim e alegou ter participado de um filme pornô brasileiro muito conhecido. “Eu fui uma das transex no filme com Alexandre Frota, gravado no Rio de Janeiro. A experiência foi muito boa, mas o cachê nem tanto.” Infelizmente, não consegui encontrar nenhuma informação na internet que relacionasse Michelle Sampaio ao filme ou ao nome do ator. Mas, aqueles que se interessarem por conhecer e/ou contratar os serviços da garota de programa, podem dar uma olhadinha nas fotos da moça em seu perfil no site Elite Girl.
http://www.eliteclub.com.br/individual.asp?ID=78&ensaio=148

E, para provar travesti não é brincadeira mesmo, Michelle aproveitou o embalo do papo para pedir uma carona ate sua casa, que ficava ali perto. Aceitamos. Ela se despediu da colega de trabalho e foi conversando conosco ao longo do caminho. Encantados por sua beleza e simpatia, nos despedimos da transex, que voltou cedo para casa, 1h da matina, pois tinha compromisso às 10h do dia seguinte.

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