terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Entrevista: Garoto de programa baiano revela sexo com famosos em livro

Em 'Mentiras & Farsas', Alan Souza conta detalhes sobre sua trajetória de vida, família e a jornada como profissional do sexo

Henrique Brinco


Por que decidiu escrever 'Mentiras & Farsas'?
Na narrativa, você relata casos com personalidades célebres. Pode dar pistas de um famoso que já foi seu cliente?
Você se inspirou no sucesso que a também garota de programa Bruna Surfistinha conseguiu no Brasil?
Você se considera heterossexual, homossexual ou bissexual?
Você já foi entrevistado por diversos veículos de comunicação. O número de clientes aumentou por causa disto?


E a Bahia tem a versão masculina da ex-garota de programa paulista Bruna Surfistinha. O baiano Alan Souza (nome de trabalho) é o tipo de pessoa que tem história para contar. Com uma trajetória de vida controversa e cheia de segredos, o ex-caseiro que virou garoto de programa, se lançou como escritor e resolveu lançar o livro 'Mentiras & Farsas' - que sai em produção independente e já tem continuação prevista.

Na obra confessional, que pode ser encontrada livremente em bancas de revistas do Rio Vermelho, Alan relata em detalhes as experiências e intimidades de sua rotina como profissional do sexo, tendo como inspiração da narrativa momentos vividos em Salvador. 

Ele confessa que não tem preconceitos na hora de faturar: atende homens, mulheres, casais, idosos, esportistas e artistas famosos! No meio, ganha bem mais do que ganharia se continuasse trabalhando como caseiro em uma casa noturna no Rio Vermelho, local onde 'tudo' começou.

Por conta da grande repercussão do livro, o moreno de 30 anos tem concedido entrevistas para jornais impressos e programas de TV de todo o território nacional. Segundo ele, a fama contribuiu bastante para melhorar os 'negócios', mas, apesar da associação inevitável, diz que não quer ser comparado à Surfistinha.

Em entrevista ao repórter Henrique Brinco, Alan conta detalhes sobre como é estar em um meio onde o sexo torna-se mercadoria valiosa. Leia, abaixo:

 Por que você entrou na prostituição?

AS - Entrei por ironia do destino, talvez era essa experiência como prostituto que faltava  para eu escrever esse livro. Estava desempregado e dormindo de favor na casa de uma amiga. Foi quando li um anúncio no jornal para uma vaga de caseiro. Sendo que esta casa era um prostíbulo, onde trabalhavam oito garotas [de programa]. Fui recrutado para serviços gerais, e foi aí que tudo começou. Meu primeiro programa foi com o casal de amigos do cafetão.

E a sua família? O que pensa sobre isso?

AS - Minha família paterna, do Rio de Janeiro, sabe o que eu faço. Sou independente. Mas acho justo eles saberem por mim do que me ver na TV falando sobre o assunto. Assim não são pegos de surpresa. Mas preferi poupar a famíla materna, do interior da Bahia, por enquanto.

AS - Há 11 anos moro na capital baiana, onde venho construindo histórias... Nesse período, passei, e ainda passo, por situações que a até Deus duvida. O livro é uma maneira de fazer as pessoas pensarem dez vezes antes de ignorar conselho dos pais, estudar, e colocar a mochila nas costas querendo ganhar o mundo e achando que é tão simples assim.

Quanto tempo durou o processo até o lançamento?

AS - Dois anos. Passei 15 meses escrevendo. Até namorada perdi por causa do livro [risos]. E ainda foram mais nove meses indo à luta para que alguma editora acreditasse no meu projeto, mas todas me pediram que eu abrisse mão dos direitos autorais. Então, resolvi fazer por produção independente: contratando serviço gráfico e revisor. Mas como um bom ariano, a persistência é uma virtude.

AS - Mulherengo, figura carimbada de uma emissora, costumava fazer personagens malhados e sempre sem camisa em cena. Fiquei com pé atrás [antes de aceitar o programa]. Sem preconceito, mas fui logo dizendo que eu era ativo e ele, no calor do whisky, confessou que era justamente o que estava procurando. Isso foi num sábado de Carnaval aqui em Salvador, no início do ano. Mas se ele me procurou, então eu que sou famoso, pelo menos na cama, né? [risos].

AS - Não. Embora a estrada de Bruna possa parecer a mesma que a minha, os caminhos são diferentes. A ideia de escrever livro veio desde quando eu morava no Rio de Janeiro, muito antes de me prostituir. Sendo que lá a história era outra. O livro conta uma parte da minha história de vida vivida em Salvador.

Pretende lançar algum novo livro em breve?

AS - Já estou escrevendo a continuação do 'Mentiras & Farsas'. Muita curiosidade ainda para entrar no próximo livro, que devo lançá-lo final do ano que vem, quando encerro essa minha vida como prestador de serviço sexual.

Qual foi a fantasia sexual mais inusitada que você recebeu?

AS - Um cara fantasiado de Homem-Aranha, com uma fenda na parte traseira. Quase caio na risada, mas segurei a onda.

AS -  Considero-me hetero. Mas no exercício da minha profissão, sou bi.

AS - Aumentou! Muita gente quer conhecer de perto a pessoa que aparece na mídia, cria-se fantasia sobre ela.

Você pensa em deixar a vida de garoto de programa?

AS - Sem sombra de dúvidas. A minha cabeça não para de trabalhar: componho músicas, escrevo personagens para teatro, ajudo na produção de uma banda baiana de pop/rock... enfim, é essa a linha que quero seguir.

Sonha em formar uma família nos 'moldes tradicionais'?

AS - Nessa minha curta e, ao mesmo tempo, longa estrada venho fazendo amigos, inimigos e até famílias sem saber. Muitas vezes arranhado, ferido, mastigado e cuspido, mas sobrevivo nessa estrada da vida. Tenho duas filhas. Fui pai aos 19 anos. A mais nova, Lara, fui pai sem saber. Quero sim constituir uma família e ser uma pessoa melhor do que sou.

Reportagem também publicada no Portal iBahia.com

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