Laís Lopes
Eles não tinham nenhuma Dora em seu grupo, e não possuíam tanta artimanha como Pedro Bala e seus amigos, mas os Capitães da Estrada da Rainha – onde na verdade não passou nenhuma rainha e tem este nome apenas porque a rua foi aberta durante o reinado de Dona Maria I, “Maria, a louca” -, viveram uma infância tão feliz ou melhor que a dos meninos do romance de Jorge Amado. Em entrevista para o LEIA JORGE o industriário e morador da Estrada da Rainha (Beco do Cirilo) durante 34 anos, Luiz da Silva, falou sobre essa vivência.
“Cheguei ao Beco do Cirilo com 5 anos, vindo de
Vitória da Conquista. Eu, minha avó,
tia, mãe e meus 3 irmãos fomos morar numa casa alugada. Eu e meus irmãos começamos
a vender jornal para o sustento. Além disso, minha avó, mãe e tia lavavam roupa
para suprir nossas necessidades”, afirmou
Durante a entrevista Luiz mostrou-se emocionado e
evidenciava o fato de que a vida realmente não foi fácil naqueles tempos. “Eu
comecei a vender jornal com 6 pra 7 anos de idade, no Santo Antônio além do
Carmo, no antigo Maciel, e Barbalho. Ganhava uma quantia por semana que dava
pra minha família. Entrava em bocas de fumo e muitas vezes os “donos do
tráfico” pediaa um jornal para ler e era
como se fosse meu passaporte de segurança, ninguém mexia comigo. Eu nunca usei
o dinheiro que ganhava nas vendas dos jornais pra mim, apenas contribuía com os
custos familiares”, disse.
Sobre as brincadeiras e diversão da época, Lubinha,
como é conhecido pelos amigos, fala com muita animação “Brincávamos de guerrô,
fura pé, soldado- cabo e bola, que era o mais divertido. Ganhei muitos campeonatos
com as partidas de futebol e sempre gostei muito de jogar. Eu era artilheiro, mas
os estudos sempre estiveram primeiro lugar”, brincou.
Sobre a segurança do local que marcou sua infância,
Luiz mostrou-se preocupado, “ Hoje a insegurança é muito grande. As crianças
não brincam com tanta tranquilidade na rua. Antigamente não existia a violência
que existe agora. A coisa era tão escondida que até quem usava drogas passava
despercebido por nós; ou quando sabíamos não chegávamos perto da pessoa”,
afirmou.
Luiz guarda muitas lembranças da Estrada da Rainha e
contou para o nosso blog LEIAJORGE as mais marcantes:
“Lá existia Carnaval, os blocos passavam pela rua-
Filhos de Gandhy, Bafo da Onça, Estudante, Vai Levando- e hoje não se tem isso.
Lembro que de certa forma fomos nós (as crianças daquela época) que construímos o campo de futebol, o local
era uma horta e foi entulhado e assim se tornou o palco ou parque de diversões
das nossas tardes”, completou.
“ Não éramos as
crianças que tinham os melhores brinquedos, as melhores roupas, a melhor vida.
Mas, fazíamos da nossa vida o melhor” [ Luiz da Silva, ex morador do Beco do
Cirilo].
sou o sargento irmao desse capitao chamado Lubinha jamais perderemos anossa essencia.Um beijo neste gran coraçao.
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