terça-feira, 23 de outubro de 2012

Educando um aluno com Síndrome de Down no ambiente escolar


Sirleia Souza

Professora Joice Luzia
A Síndrome de Down é causada por uma anomalia genética (trissomia do cromossomo 21). As crianças com Síndrome de Down têm um atraso no desenvolvimento global, que se manifesta também na linguagem. O desenvolvimento da fala, bem como de todo o processo de comunicação, depende de vários fatores orgânicos, ambientais e psicológicos, que estão presentes desde os primeiros dias de vida. A inclusão desses alunos no ambiente escolar tem sido um desafio para vários professores que precisam estar capacitados para tal tarefa já que os portadores dessa síndrome precisam de mais tempo para obter um maior  aprendizado, para saber mais sobre esse assunto entrevistamos a pedagoga e arte educadora Joice Luzia, professora do Colégio a Chave do Tamanho, localizado no Imbuí, que é referência em Salvador da inclusão social de alunos com a Síndrome de Down.

Leia Jorge: Como é a experiência de trabalhar com uma criança  com a Síndrome de Down?

Joice Luzia: Extremamente prazeroso, a criança com Down, melhor, a criança especial como é o correto chamar. É uma criança calma, afetiva, bem humorada, embora tenha alguns prejuízos intelectuais. È enriquecedor.

Leia Jorge: Como se dá a aprendizagem da criança com Down?

Joice Luzia: Normalmente a criança que apresenta Síndrome de Down ao nascer, desde cedo já vem com uma trajetória de estimulação. Daí quando eles entram na educação infantil, começa outro processo de estimulação com a socialização em sala de aula.

Sua adaptação em sala de aula se dá através de estimulo, também da parceria entre pais X escola, a integração com colegas e sua pré-disposição para querer aprender. O Down não necessita de adaptações físicas, normalmente não são cadeirantes.
Leia Jorge: Quais as dificuldades encontradas durante o  aprendizado?

Joice Luzia: A principal dificuldade encontrada é o pré- conceito. Segundo Schwartzman (1999), embora apresentem algumas dificuldades podem ter uma vida normal e realizar atividades diárias da mesma forma que qualquer outra pessoa.

 Leia Jorge: Em que nível se dá a comunicação com essa criança especial?

Joice Luzia: Normalmente, a aquisição da linguagem se faz nos primeiros anos da infância.  É importante saber que a comunicação não se faz só com palavras, mas também com gestos e expressões afetivas.Aos 5 ou 6 anos, a criança já passou por todas as fases da linguagem e se comunica normalmente. Mesmo assim a criança apresenta atrasos na linguagem, sobretudo é expressiva, por causa da hipotonia e da língua protusa. Tais atrasos podem ser bastante minimizados, se a criança passou por um trabalho de estimulação precoce. Mesmo assim, os atrasos na aquisição e uso comunicativo da linguagem perduram e requer continuo trabalho de intervenção com um fonoaudiólogo.

Leia Jorge: Você sente diferença de atenção das outras crianças?

Joice Luzia: Nossos alunos são preparados para lidar com as diferenças individuais, respeitando os limites do outro e respeitando todas as pessoas.A adaptação é natural e rapida e o relacionamento é excelente com os colegas e os professores.

Leia Jorge: Que benefícios tem a  inclusão desta criança na escola regular?

Joice Luzia: Os benefícios são visíveis, o aprendizado do aluno se dá no todo. Você percebe  desde seu equilíbrio estático ao equilíbrio de objetos.  Na sua dicção, as habilidades e percepções, memória visual, sua coordenação viso motora, sua orientação espacial e temporal são trabalhadas e avaliadas constantemente. Também sua atitude em relação ao material, às atividades que realiza sozinho. Transmissão de recados, cuidados com a sua higienização, noções de dinheiro e conhecimento de recursos na comunidade, supermercado, etc.

Leia Jorge: De acordo com a  sua experiência quais as  condições fundamentais para o sucesso da inclusão dessa criança na escola?

Joice Luzia: Não há uma "receita de bolo"... Antes de qualquer coisa temos de entender que fatores internos à estrutura escolar, tais como a organização, o currículo, os métodos e os recursos humanos e materiais da escola são determinantes para a inclusão desses alunos com deficiência. A criança portadora de necessidades especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal. A escola, na nossa cultura, é uma representante da sociedade. Portanto, alguém que freqüenta a escola se sente mais reconhecido socialmente do que aquele que não freqüenta.                     

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