Sirleia Souza
Professora Joice Luzia |
Leia Jorge: Como é a experiência de trabalhar
com uma criança com a Síndrome de Down?
Joice Luzia: Extremamente
prazeroso, a criança com Down, melhor, a criança especial como é o correto
chamar. É uma criança calma, afetiva, bem humorada, embora tenha alguns
prejuízos intelectuais. È enriquecedor.
Leia Jorge: Como se dá a aprendizagem da criança com Down?
Joice Luzia: Normalmente
a criança que apresenta Síndrome de Down ao nascer, desde cedo já vem com uma
trajetória de estimulação. Daí quando eles entram na educação infantil, começa
outro processo de estimulação com a socialização em sala de aula.
Sua adaptação em sala de aula
se dá através de estimulo, também da parceria entre pais X escola, a integração
com colegas e sua pré-disposição para querer aprender. O Down não necessita de
adaptações físicas, normalmente não são cadeirantes.
Leia Jorge: Quais as dificuldades encontradas durante o aprendizado?
Joice Luzia: A
principal dificuldade encontrada é o pré- conceito. Segundo Schwartzman (1999),
embora apresentem algumas dificuldades podem ter uma vida normal e realizar
atividades diárias da mesma forma que qualquer outra pessoa.
Joice Luzia: Normalmente,
a aquisição da linguagem se faz nos primeiros anos da infância. É importante saber que a comunicação não se
faz só com palavras, mas também com gestos e expressões afetivas.Aos 5 ou 6
anos, a criança já passou por todas as fases da linguagem e se comunica
normalmente. Mesmo assim a criança apresenta atrasos na linguagem, sobretudo é
expressiva, por causa da hipotonia e da língua protusa. Tais atrasos podem ser
bastante minimizados, se a criança passou por um trabalho de estimulação
precoce. Mesmo assim, os atrasos na aquisição e uso comunicativo da linguagem
perduram e requer continuo trabalho de intervenção com um fonoaudiólogo.
Leia Jorge: Você sente diferença de atenção das outras
crianças?
Joice Luzia: Nossos
alunos são preparados para lidar com as diferenças individuais, respeitando os
limites do outro e respeitando todas as pessoas.A adaptação é natural e rapida
e o relacionamento é excelente com os colegas e os professores.
Leia Jorge: Que benefícios tem a inclusão desta criança na escola regular?
Joice Luzia: Os
benefícios são visíveis, o aprendizado do aluno se dá no todo. Você
percebe desde seu equilíbrio estático ao
equilíbrio de objetos. Na sua dicção, as
habilidades e percepções, memória visual, sua coordenação viso motora, sua
orientação espacial e temporal são trabalhadas e avaliadas constantemente.
Também sua atitude em relação ao material, às atividades que realiza sozinho.
Transmissão de recados, cuidados com a sua higienização, noções de dinheiro e
conhecimento de recursos na comunidade, supermercado, etc.
Leia Jorge: De acordo com a sua experiência quais as condições fundamentais para o sucesso da
inclusão dessa criança na escola?
Joice Luzia: Não
há uma "receita de bolo"... Antes de qualquer coisa temos de entender
que fatores internos à estrutura escolar, tais como a organização, o currículo,
os métodos e os recursos humanos e materiais da escola são determinantes para a
inclusão desses alunos com deficiência. A criança portadora de necessidades
especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal. A
escola, na nossa cultura, é uma representante da sociedade. Portanto, alguém
que freqüenta a escola se sente mais reconhecido socialmente do que aquele que
não freqüenta.
Parabéns Sirléia pela belíssima matéria!
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