terça-feira, 16 de outubro de 2012

A vida de quem trabalha na Fazenda Conceição


Clara Spínola

A comunidade de trabalhadores da Fazenda Conceição vive a 130 quilômetros de Salvador. A melhor forma de chegar nela, é seguir a estrada para Feira de Santana e, na cidade, pegar uma outra estrada no sentido de São Gonçalo dos Campos. A fazenda não é tão grande como se espera de uma propriedade de 250 hectares. A Fazenda Conceição nunca foi autosuficiente, sempre precisou de dinheiro extra, para manter-se funcionando.   Em 2007,o sistema da Fazenda Conceição mudou muito, por causa da morte de um dos donos, Hoje, são propriedades e a outra dona não é muito ativa. Só está presente nas decisões mais importantes, como contratar e dispensar novos funcionários. Atualmente, são quatro trabalhadores, incluindo a funcionária que fica servindo a casa – antes eram cinco.  Paulo Spínola era quem mandava no sistema operacional da fazenda, tomava todas as decisões e mantia tudo sob controle. A partir de junho de 2007, tudo mudou. Em nome de Paulo Spínola, a filha Lúcia Spínola passou a cuidar da fazenda é responsável por manter a fazenda Conceição funcionando.Enquanto Paulo Spinola mandava na fazenda, a principal atividade era a criação de gado de leite, com a venda de litros de leite em latões e plantação de capim. A fazenda tinha uma área maior, o dobro do tamanho atual: 500 hectares. Quando Lúcia Spínola ficou responsável pela fazenda, a primeira coisa que fez foi, vender um terreno perto do lago por medo da invasão de integrantes do grupo organizado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Foi aí que a fazenda deixou de ter 500 hectares e caiu para 250 hectares.No tempo de Paulo Spinola, eram cinco trabalhadores. José Luiz era casado com Luíza, a funcionária que servia a casa, e juntos tiveram duas filhas. Os quatro viveram por um bom tempo em uma casa no próprio terreno da fazenda. Quando se separaram,  generosamente Paulo Spínola deu uma casa a cada um deles e fora da fazenda, deu um pequeno terreno a eles. As meninas foram morar com a mãe e José Luíz não demorou muito para casar de novo e ter mais dois filhos. Ás duas filhas mais velhas dele, tudo que ele ‘ofereceu’ foi estudos na escola municipal da região e aos filhos mais novos, ele ‘batalha’ para mantê-los em uma escola particular da região. Tinha o jardineiro, conhecido como Tiano, ele também tinha uma casa no terreno da fazenda, mas não durou muito tempo lá, porque Paulo Spínola deu uma casa para ele e a família dele. E tinha mais dois funcionários responsáveis pelo leite.   Por causa da seca, que prejudica muito a produção e criação de gado de leite, Lúcia decidiu, junto com o gerente da fazenda, José Luiz, não mais investir no leite e sim na criação de gado de corte. Passaram a comprar bezerros e criar os animais até ficarem grandes e fortes, saudáveis o suficiente para que na hora da venda, tragam um retorno financeiro alto. Além dos bezerros que compravam, criavam também com o mesmo propósito, aqueles que nasciam na própria fazenda.  Agora, Lúcia Spínola, responsável pela manutenção da fazenda, achou que não tinha necessidade de manter cinco funcionários. José Luiz e Luiza continuaram, Tiano quis demissão, para concentrar-se na reforma da casa dele e ele já não estava mais satisfeito com o trabalho dele ali na fazenda. Um dos funcionários responsáveis pelo leite também foi demitido, uma vez que a fazenda não ia mais se envolver em peso com a venda de leite e o outro funcionário responsável pelo leite, Regis, virou jardineiro também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário