terça-feira, 20 de novembro de 2012

O baixo rendimento do comércio provoca esvaziamento no Pelourinho


 
Laís Carneiro de Oliveira

O objetivo dessa entrevista é divulgar o esvaziamento dos pontos comerciais do Pelourinho, devido ao baixo rendimento e a falta de incentivo no local, além da constante luta da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô).

Segundo a Associação, a condição do comércio no Centro está cada vez mais difícil, devido ao forte processo de esvaziamento há oito anos e que hoje representa apenas 178 pontos comerciais em funcionamento no local.

“O Pelourinho está vivendo um verdadeiro apagão referente à falta de incentivo e melhorias do governo em relação ao comércio e também à cultura, infraestrutura, segurança e turismo”, pontua a diretoria da Acopelô.

No momento da entrevista, dia cinco de novembro, o então presidente da Acopelô, Lenner Cunha, falou por meio da sua assessoria de imprensa ao Leia Jorge.
 

A Associação é localizada na Rua Portas do Carmo, nº 43, no Pelourinho. (Foto: Laís Oliveira) 


 

Leia Jorge: Quais as mudanças ocorridas no comércio do Pelourinho?

Acopelô: O comércio do Centro Histórico de Salvador sofreu bruscas mudanças desde 2006, pois o governo atual não soube aproveitar o que tinha de bom na gestão anterior, e isso foi altamente prejudicial ao comércio. Antes o Pelourinho era um point dessa cidade, e hoje está reduzido a um lugar com ausência de política cultural.

Leia Jorge: Por quais motivos?


Acopelô: Antigamente o Pelourinho vivia principalmente da efervescência cultural e artística, mas com a mudança do governo, aconteceu um esvaziamento dos artistas e dos visitantes, sejam turistas ou baianos, e isso traz perdas irrecuperáveis para o comércio local. 


Leia Jorge: E qual foi a consequência?

Acopelô: O governo atual preferiu entrar em ‘colisão’ com os comerciantes, ao invés de estabelecer uma conduta diferenciada de mudança e melhoria, para que os baianos e turistas sejam motivados a visitar o Pelourinho e assim também fazer com que o comércio se fortaleça. E o resultado disso é um forte processo de esvaziamento dos comerciantes do Centro Histórico, que lutam para sobreviver e continuar em um local que não apresenta melhoria.

Quadro estatístico baseado nas informações da Acopelô.



Leia Jorge: Então o baixo rendimento do comércio é devido à falta de incentivo do governo?

Acopelô: Não somente a falta de incentivo do governo, mas também é devido a falta de estacionamento, de segurança e desinteresse dos soteropolitanos pelos serviços do local, além da abordagem dos pedintes e vendedores ambulantes, que causam incômodo tanto para os baianos quanto para os turistas.

Leia Jorge: E como essa abordagem influencia no comércio?

Acopelô: Algumas dessas pessoas tendem a desviar, mesmo que inconscientemente, qualquer tentativa de melhorias. Por isso é necessário que haja uma preocupação com a questão social, pois precisamos trabalhar juntos para recuperar o Pelourinho. 

 Fraco movimento nos pontos comerciais do Pelourinho. (Foto: Laís Oliveira)


Leia Jorge: Qual o principal objetivo da Acopelô?


Acopelô: A Associação, que tem 20 anos de existência, possui como principal objetivo fiscalizar as intervenções do governo em relação à revitalização do Centro Histórico de Salvador. A Acopelô não tem caráter político e também não conta com apoio da prefeitura ou governo estadual, mas participa efetivamente das decisões relacionadas ao Pelourinho e também à cidade de Salvador.


Leia Jorge: Poderia relatar algumas das ações da Associação?


Acopelô: Conseguimos fortalecer a atividade empresarial e a vida comercial do Pelourinho, que antes era habitado desordenadamente e sem infraestrutura necessária. No dia 02 de junho de 2010 fechamos todos os pontos comerciais do Centro, em represália pela falta de política cultural do governo estadual. Também fomos responsáveis por trazer um Batalhão da Polícia Militar (BPM) para o local, que no início da revitalização contava com uma tropa de 790 policiais, mas que hoje conta apenas com 370.

Leia Jorge: Qual a mensagem que resume a situação do comércio atual no Pelourinho? 


Acopelô: Que enquanto não houver uma integração entre os poderes da União, do Estado e da Prefeitura, nada irá prosperar aqui. 





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