terça-feira, 27 de novembro de 2012

O consumo cada vez mais precoce do álcool

Kamila Alves


Allan deu o seu primeiro gole em uma bebida alcoólica aos 13 anos. O seu pai permitiu que ele experimentasse apenas um pouco de vinho durante um jantar de família. Aos 15 anos, o adolescente já conhecia os efeitos causados pelo excesso do álcool. Aos 17, o estudante do segundo ano colegial já acumulava histórias e vexames causados pelo famoso “porre”. Desde uma briga com a namorada – ele bateu nela – até um striptease no balcão de um bar de uma famosa boate em Salvador. Mas, na opinião dos pais, Allan é um santo. “Na frente dos meus pais, eu só bebo com moderação. Mas, quando estou com a galera, para ser descolado e popular, tenho que beber”, diz.

Proibidas para menores de 18 anos, bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, vodca e uísque) estão cada vez mais presentes na rotina dos jovens adolescentes. Sem o controle dos pais e sem o próprio controle, jovens que ainda frequentam as escolas têm livre acesso as bebidas regadas a álcool em festas, baladas ou bares.

Apesar de ser proibida para menores de idade, não é difícil para um jovem adolescente comprar uma bebida alcoólica. A compra é facilitada. Adolescentes frequentam festas conhecidas como open-bar, em que alguns tipos de bebidas são distribuídas livremente para quem pagou o valor da entrada.

“Normalmente os seguranças responsáveis pela entrada das pessoas nos eventos não pedem documento e, quando pedem, os jovens costumam apresentar um RG com a idade alterada”, conta a socióloga Adriana Pinheiro.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 80% dos adolescentes já beberam alguma vez na vida e 33% dos alunos do Ensino Médio consumiram álcool em excesso no mês anterior a pesquisa. Outro estudo, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) com universitários, mostrou que 22% dos jovens estão sob risco de desenvolver dependência de álcool.

“Apesar de preocupante, isso já era algo esperado, pois os jovens consomem álcool cada vez mais cedo, o que acaba por ocasionar um maior risco de dependência”, afirma a socióloga.

Clínicas e grupos de jovens alcoólatras estão sendo cada vez mais procurados por esses adolescentes que estão viciando-se no álcool. Segundo Allan, alguns amigos vão a festas open-bar somente pelo prazer de poder beber gratuitamente, e não por qualquer outro motivo.
A família tem um papel importante na resolução desse problema do vício. Proibir exageradamente não é a melhor maneira de orientar o jovem, pois desperta ainda mais o interesse e a curiosidade.

O importante é a família abrir espaço para o jovem conhecer o assunto e saber lidar com as surpresas que surgem no decorrer da vida, para que, assim, eles possam se assegurar e rejeitar a bebida que lhe é oferecida, sem se sentir ameaçado por não aceitá-la”, finaliza Adriana Pinheiro.

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