terça-feira, 20 de novembro de 2012

Corredor do esporte: Tradição no Comércio de Salvador

Lojas especializadas fazem a fama de uma das ruas do bairro


Juliana Caldas

Golaço, lance, pelota, arena e torcedor. É numa rua estreia do Bairro do Comércio em Salvador que todas essas palavras, tão características da paixão nacional, se encontram. O endereço é Rua do Corpo Santo, famosa por concentrar grande número de lojas especialistas em artigos esportivos. O Leia Jorge perambulou pelo lugar e fez um levantamento de preços dos principais materiais usados no futebol. 

Variedade de produto e preço são atrativos da antiga rua

São mais de 20 estabelecimentos ao longo da velha rua. Nos prédios antigos, grande parte deteriorado, funcionam as lojas. E não demoram a aparecer. Indo a partir do Mercado Modelo, logo na esquina, está a primeira delas. Quem nos atende é Rosângela Lima, vendedora a dois anos da loja que funciona há quase 12. Lá tem de tudo. De bolas a taças, e uma mesa de pebolim à venda por R$ 790. Futebol também se faz com as mãos. As luvas, artigo indispensável para o número um em campo, são vendidas a partir de R$ 27 a R$ 240.
Outros artigos são facilmente encontrados pelas lojas do lugar. Bolas de futebol podem ser compradas pelo mínimo de R$ 20, e chegam a R$ 199. Chuteiras oscilam entre R$ 31 e R$ 270. Algumas lojas vendem kit de uniformes para um time inteiro. São 17 conjuntos, incluindo o goleiro, que variam de R$ 350 a R$ 424,50. E os troféus, símbolos da vitoria, são “conquistados” pelo valor de R$ 6,50 até R$ 380.
Garimpamos por lá em busca das camisas rubronegra e tricolor. A diferença é alta entre as lojas. O manto do Esporte Clube Bahia variou de R$ 150 a R$190, alcançando uma diferença de R$ 40. O Vitória tem suas camisas oficiais vendidas de R$ 147 a R$ 160, a menor diferença avaliada (R$ 13). Já os Ypiranguenses teriam um pouco mais de trabalho. É que a camisa do saudoso Esporte Clube Ypiranga foi encontrada apenas em uma das lojas, à venda por R$ 50.

A Rua do Corpo Santo, que já foi chamada de Lopes Cardoso, em seu estado atual

Tradição e abandono

Não se pode ignorar. As calçadas e o asfalto que cobrem a Rua do Corpo Santo não fazem jus à sua importância. Lixo, entulho e prédios mal conservados são reflexos do abandono de todo o bairro. Essa rua, em específico, é praticamente um estacionamento livre, sobrando pouco espaço para pedestres e trânsito de veículos.
O proprietário de uma das lojas confirma a impressão. “Isso aqui hoje está abandonado, mas já foi muito movimentado”, foi o que disse Hélio Carvalho. O simpático senhor atrás do balcão é dono do mais antigo estabelecimento do local, aberto desde 1971. A mais antiga e também mais completa, garante. “Os vendedores das outras lojas costumam dizer ‘vai na Pelota, se lá não tiver, não procure mais’”, comenta, orgulhoso. Foi lá que encontramos raras camisas como a do Botafogo da Bahia, Galícia Esporte Clube e do saudoso Ypiranga, um dos mais antigos clubes baianos, querido entre ilustres como o escritor Jorge Amado e Irmã Dulce, agora Beata. Ele próprio, Hélio, fez questão de posar para a foto ao lado de duas delas. Mas, quando perguntado sobre sua preferência, é enfático: “torço por todos”.

A loja mais antiga funciona há 41 anos
O dono, Hélio Carvalho, posa ao lado das camisas do Ypiranga

Nenhum comentário:

Postar um comentário