terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sonho de princesa, realidade de vadia


Catarina Alcântara




Em uma sociedade que valoriza tanto o consumo e os bens materiais, é muito fácil encontrar garotas de 15 anos sonhando em ser uma princesa. Ter a roupa ou sapato que quiser, andar nas melhores festas da cidade e ter muitas outras regalias que tornem a vida mais estimulante.


Devido à falta de oportunidade de educação, muitas delas desviam-se do caminho dos estudos e da formação acadêmica. As mais ousadas deixam de lado até mesmo a inocência da época infanto-juvenil para dar lugar ao trafico e a prostituição como é o caso de Carla Sampaio, 28 anos. Ela foi prostituta durante muito tempo para sustentar seus vícios e luxos até encontrar o seu príncipe encantado” que, segundo ela, a resgatou dessa “vida de incertezas”.


Quando completou 14 anos,  ela começou a namorar sem a aprovação do pai com o filho de um traficante. Foi quando provou maconha e começou a usar com freqüência. "Eu não tinha dinheiro e comecei a furtar em casa para comprar maconha", explica.


Comprou um jornal para procurar emprego e desistiu logo de cara, assim que notou as exigências para se conseguir um trabalho. Então, no mesmo jornal, encontrou um anúncio em busca de novas garotas de programa. Ela aproveitou o horário escolar para visitar uma casa de massagem, assim chamada, em Itapuã. "Me avaliaram e eu gostei do lugar, então começei no dia seguinte, afirmando a mãe  que estava trabalhando numa casa de eventos na no mesmo bairro". Quando começou a se prostituir, ao final de seus 17 anos, ela recebia cerca de seis clientes por dia. "Trabalhava das 13h às 2h, não tinha horário livre pra nada e foi aí que comecei a usar cocaína para aguentar a rotina", afirmou. Hoje, aos 28 casada e com dois filhos, ela garante que está livre do vício.


Começou, então, a rotina incansável. O programa era R$ 50 a hora, sendo que 50% ficava com a cafetina e 10% com a gerente do lugar. Carla descreve que, mesmo doente ou menstruada, tinha que trabalhar. Durante anos ela só respirou sexo e drogas, dividindo clientes com outras colegas,  muitas vezes na mesma cama ou sala, até que decidiu trabalhar sozinha. Então Carla alugou um apartamento no bairro de Brotas, supervalorizou a hora de trabalho - subiu para R$ 200 - e começou a receber os clientes em casa.



"Melhorou muito, não só com relação à grana. A partir daquele momento eu só recebia aqueles com quem eu me identificava e não mais aqueles homens asquerosos que me faziam voltar do sonho de luxúria e riqueza que tinha quando assistia a filmes com garotas de programa de luxo ". O horário do almoço era o mais disputado, segundo ela. "Como 90% deles eram casados, tinham de dar um jeito de escapar no horário de trabalho.”


E foi aí que ela conheceu J.S., 32 anos, de família nobre, que entre tantas horas pagas em sua maioria só para conversas e galanteios pôs na cabeça dela que ofereceria a ela uma vida estável e repleta de carinho e dedicação.


"No último encontro pago que tivemos a gente só conversou. Percebi que estava gostando dele e falei que não cobraria mais pelo sexo” Ele imediatamente a pediu em namoro e, de fato, como já estava envolvida ela aceitou. Carla conta que foi difícil de início depender de alguém novamente mas, com o tempo e  as coisas que ele proporcionava pra ela, o bem-estar tomou conta e com o dinheiro que conseguiu juntar ela abriu um negocio no antigo bairro de onde saiu e ajudou a família que depois de ter descoberto sua verdadeira profissão a havia renegado. 

Hoje, Carla se diz feliz,  e quando pergunto como ela se sente após ter passado por essa experiência e pela felicidade ter achado alguém para ajuda-lá a sair dessa, ela responde: “Agradeço a Deus que hoje é meu maior guia  e valorizo muito mais a minha vida e saúde do que antes, e principalmente o bem estar do meus filhos e meu marido que é a quem eu devo toda essa minha vitória.E aconselho as meninas que um dia tiverem os mesmos desejos que eu, que batalhem e lutem porque o que vem fácil demais vai fácil e pode não ter retorno.”

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